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terça-feira, 30 de março de 2010

A Música: Modal, Tonal e Atonal (I)

Se há uma avançada discussão técnica sobre a chamada música "modal" e sua relação com o "tonalismo" e, em certos círculos, também com o "atonalismo", por que há tanta polêmica e tanta confusão em relação a essas categorias? Por que há tantas maneiras diferentes de interpretar tais conceitos? Por que algumas dessas interpretações são, inclusive, contraditórias entre si?

Acreditamos que uma visão estética do assunto possa esclarecer um pouco a situação, dando a cada corrente seu espaço e sua pertinência. De qualquer maneira, a existência de tão diferentes abordagens já mostra que a discussão não pode ser resolvida apenas tecnicamente; ela precisa, também, de uma contextualização filosófica mínima.

A primeira contextualização que propomos é a histórica: que músicas podem ser consideradas "modais"?

Aqui já há problemas, pois o conceito de "modalismo" não é unívoco. Em linhas gerais, são totalmente modais, no Ocidente, a Música da Antigüidade (Grécia e Roma), a Música da Idade Média e a Música do Renascimento. A grande marca dessa música modal ocidental é o Canto Gregoriano cristão, mas essa música modal está presente também em toda a música popular e em toda a música profana medieval e renascentista, incluindo, por exemplo, o Trovadorismo. Os modos que conhecemos e aplicamos na teoria musical moderna - jônio, dórico, frígio, lídio, mixolídio, eólio e lócrio - são uma denominação grega para os modos eclesiásticos adaptados, isto é, nossos modos não são gregos, eles apenas receberam, posteriormente, nomes dos modos gregos originais num outro contexto.

A característica principal da música modal é a presença constante da "nota centro", a qual, de certa forma, nunca é realmente abandonada: a música modal gira em torno do centro. Assim, a música modal pura não tem "harmonia" - no sentido de tríades e de funções harmônicas. Essa presença do centro dota esse tipo de música de uma característica "hipnótica", que faz com que ela geralmente apareça ligada a algum tipo de ritual: realmente, a música da Antigüidade e a do período medieval não são independentes de cultos, festas, solenidades e funções religiosas.

A partir desses pressupostos, podemos chamar também de "modais" - por analogia - as músicas orientais, africanas e americanas tradicionais. Embora tais músicas não utilizem os modos diatônicos que nós ocidentais utilizamos, elas continuaram, até pouco tempo atrás - e continuam ainda em certos lugares - presentes em cerimônias ritualísticas, jamais assumindo os riscos estéticos proporcionados pela harmonia tonal das tríades maiores e menores. Estruturalmente, há uma forte tendência pentatônica nas músicas africanas, do Extremo Oriente e dos índios americanos, e uma tendência para a utilização de escalas com mais sons do que a nossa na Índia e no Médio Oriente.

Já a música tonal - presença na música ocidental a partir do período Barroco (1600 em diante) e passando pelo Classicismo, Romantismo e chegando até nossos dias - destaca-se pelo contraste entre o modo maior e o menor, pelo conceito de função harmônica e suas polarizações (tônica, subdominante, dominante) e pela melodia acompanhada por acordes formados pela superposição de tríades. Ainda há, no tonalismo, uma nota centro: ela, no entanto, é abandonada para criar uma expectativa de retorno. Há uma tensão que anseia por resolução, há um risco constante de perda da unidade. Como conseqüência, a música tonal pode ser submetida a modulações, isto é, a mudanças de centro no interior de uma mesma peça. São exemplos de músicas tonais as obras dos mestres da música erudita mais conhecidos, como Bach, Mozart, Beethoven, Schumann e Wagner, e quase toda a música popular que ouvimos desde que nascemos.

Dessa forma, quando falamos de utilização dos modos na música popular ou erudita no século XX, não estamos falando de um modalismo total, mas de uma fusão entre modalismo e tonalismo. Explicando melhor: quando um guitarrista improvisa sobre o modo dórico, ele está usando tríades, ele pensa em acordes. Esses acordes serão maiores ou menores - menores, se ele estiver pensando em dórico - e, sendo maiores ou menores, caracterizam uma música tonal, por mais exótica que ela possa ser. Assim, quando falamos em modalismo no século XX - e passamos a falar muito em modalismo na música erudita a partir do Impressionismo e do Nacionalismo de finais do século XIX e, na música popular, em todas as suas influências étnicas (incluindo blues, baião, flamenco, etc.) e, em especial, a partir do conceito de improvisação modal do Cool Jazz dos anos 50 do século XX - estamos falando, em geral, de um "neomodalismo", de um modalismo que funciona como um sabor modal dentro do sistema tonal. Tal neomodalismo nega apenas certas resoluções tipológicas do tonalismo, mas, mesmo quando baseado no folclore ou em músicas tradicionais, é submetido ao rigor harmônico das tríades tonais. O dórico original era realmente modal, não era um "modo menor": era apenas o dórico, uma das possibilidades de um sistema que ainda não tinha dividido o mundo em "terças maiores e terças menores". Claro que não precisamos ser tão rigorosos com a terminologia: não tem nenhum problema se chamarmos de "modal" uma melodia em modo maior onde as sétimas são sempre menores, desde que saibamos que essa influência do modo mixolídio está sendo incorporada a uma música baseada em tríades, está sendo harmonizada e, portanto, submetida a leis tonais.

Sem dúvida, o que estamos chamando de neomodalismo é uma forte tendência da música das últimas décadas do século XX e, de certa forma, parece que ainda será bastante explorada nesse início de século XXI. Trata-se de uma síntese ou fusão entre modalismo tradicional e teoria harmônica tonal, e é o desconhecimento dessa fusão que, muitas vezes, gera tantas confusões nas exposições teóricas e nas aplicações práticas sobre os modos.

A Música: Modal, Tonal e Atonal (II)

Muitas vezes as discussões sobre a música modal tradicional (Antiga, Medieval, Renascentista, Oriental, Africana, Amazônica, etc.) ou sobre a tonalidade (campo harmônico, modo maior, modo menor, Barroco, Classicismo, Romantismo) recusam a possibilidade de uma música não estar baseada em uma "nota centro", esquecendo que o século XX desenvolveu intensamente o que é denominado "atonalismo", isto é, uma certa ausência de tonalidade.

Na definição mais singela, a música atonal distingue-se tanto da modal quanto da tonal por não configurar um centro, por não gravitar em torno de uma tônica. Trata-se de uma música que surge com o levar às últimas conseqüências tanto as modulações quanto a ampliação do campo harmônico tonal. Assim sendo, a música atonal surge da música tonal, é uma espécie de resultante da exploração das relações tonais mais complexas e mais afastadas.

Desde o "Prelúdio" que o compositor Richard Wagner escreveu para o drama musical Tristão e Isolda (1865) - uma lenda medieval que fala de amor e morte -, o caminho para a atonalidade estava aberto, e a ampliação total do campo harmônico, a conexão entre tonalidades distantes no círculo das quintas, o cromatismo e a emancipação gradual das dissonâncias foram alguns dos recursos técnicos utilizados para deixar a tonalidade "suspensa".

Outros compositores - como Gustav Mahler (1864-1911), por exemplo - sustentaram essa indefinição tonal em obras de grandes proporções, até que em 1908, no último movimento do Quarteto de Cordas op.10, o compositor vienense Arnold Schoenberg (1874-1951) rompeu as amarras da tonalidade.

Libertando-se do conceito clássico de centro tonal, a música de Schoenberg, nesse momento, estava dando um passo análogo ao que - no final do século XVI - fizera com que a tonalidade nascesse, rompendo com o milenar sistema dos modos eclesiásticos. A música poderia não ter uma tônica.

Passados mais de dez anos a liberdade do novo "atonalismo" foi organizada na forma de um sistema composicional: Schoenberg e seus alunos Alban Berg e Anton Webern passaram a compor obras atonais que são denominadas "dodecafônicas".

O dodecafonismo é um sistema que constrói melodias e acordes usando uma série de 12 sons - todos os 12 sons da gama cromática organizados numa certa ordem que o compositor escolhe - onde um som só é repetido depois que os outros 11 sejam apresentados. Essa "democracia" entre os 12 sons faz com que o ouvido não possa atribuir um peso maior a um certo som, afastando a idéia de centro tonal. Assim, uma música poderia ser necessariamente atonal, já que nenhum som, nesse sistema, assume claramente o papel de tônica. A primeira peça escrita por Schoenberg dentro do dodecafonismo foi a última das Cinco Peças para Piano op. 23 (1921). Uma valsa: estranha, mas ainda uma valsa.

Schoenberg teve que fugir da perseguição nazista, indo viver em Los Angeles, onde passou os últimos 18 anos de vida. Mesmo quando voltava, esporadicamente, a compor de forma tonal, a influência do atonalismo e do dodecafonismo na música que ele continuou a escrever ao longo de sua vida foi sempre forte.

Ao contrário do que poderíamos imaginar, Schoenberg não se considerava um inovador, mas o continuador de uma tradição. A música que ele mesmo escrevia era baseada num estudo aprofundado que fizera da obra dos mestres do passado, como Bach, Mozart, Beethoven, Wagner, Brahms e Mahler, seus favoritos. Schoenberg foi um grande professor de música, tendo escrito obras didáticas de grande valor pedagógico, incluindo um dos mais importantes livros de harmonia tradicional de todos os tempos. Caso único na história da música, seus alunos tornaram-se - já citamos os exemplos de Berg e Webern - músicos tão importantes quanto ele próprio para a música de seu tempo.

Schoenberg nunca gostou da expressão "atonal", com a qual ele é identificado. Disse ele que "o atonal seria algo que não tivesse nada com a natureza do som. Tudo o que procede de uma sucessão de sons, seja por relação direta com uma tonalidade ou mediante nexos mais complexos, constitui a tonalidade. Uma peça musical será sempre tonal, pelo menos enquanto haja uma relação de sons que seja inteligível". Escritas em 1921 em forma de uma nota de rodapé à terceira edição de seu Tratado de Harmonia (página 484 da edição espanhola), não são palavras de alguém que estaria buscando a mera inovação, o novo pelo novo.

A influência do atonalismo sobre a vanguarda da música erudita foi enorme, durante mais de cinqüenta anos. Muitos compositores utilizaram os procedimentos dodecafônicos para compor. Alguns levaram o serialismo ainda mais longe, não fazendo apenas séries de notas ou alturas, mas também de valores rítmicos, de dinâmica, de timbres...

Tanto quanto no caso do modalismo e do tonalismo, muitas músicas atonais interessantes - tanto quanto muitas sem interesse - foram compostas ao longo desse tempo. Embora a influência das sonoridades atonais sobre a música popular não tenha sido tão avassaladora quanto a que foi exercida sobre a música erudita, ela não pode ser desprezada: no jazz, podemos citar as improvisações coletivas de Ornette Coleman nos anos sessenta (no chamado free jazz), o piano inesquecível de Cecil Taylor e as fases finais de John Coltrane, entre outros exemplos; no pop, não podemos esquecer Frank Zappa, que - aliás - dominava com perfeição as técnicas seriais de composição; e, na música popular brasileira, temos de mencionar o criativo rock dodecafônico do Arrigo Barnabé dos discos Clara Crocodilo e Tubarões Voadores.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Parte XXXI - Wagner


Quem é o pai?

A mãe de Richard Wagner, Johanna, era casada com Karl Friedrich, um oficial de polícia que morreu poucos meses depois do nascimento do compositor. Logo após ficar viúva, Joahnna casou-se novamente com Lugwig Geyer, artista plástico e ator. Até hoje não se sabe ao certo se Wagner era filho de Friedrich ou do artista plástico. Prova disso é que, até os 15 anos de idade, o músico usou o nome de Richard Geyer.

A traição que inspirou tragédia

Logo após participar da Revolução de Maio de 1849, Wagner exilou-se na Suíça. Durante este período de exclusão, o compositor se apaixonou por Mathilde Wesendonck, esposa do dono da casa onde vivia, o maestro Otto Wesendonck. Quando o músico descobriu a traição da mulher com o amigo, Wagner teve de deixar o país abruptamente, indo morar na França. Essa história inspirou a criação de "Tristão e Isolda", uma tragédia de amor, uma das mais famosas obras do compositor.

Wagner e o Brasil

O "Templo da Arte Erudita", teatro criado por Wagner para apresentar suas obras, além de contar com a ajuda financeira do rei Ludwig 2º, da Baviera, também recebeu auxílio do kaiser Guilherme, de inúmeras sociedades que se dedicavam ao compositor e do imperador do Brasil, d. Pedro 2º. Além de ser um dos mais eruditos e cultos monarcas da época e de ser um "mecenas" da arte, Pedro 2o era um grande admirador da obra de Wagner. Ele até chegou a cogitar a possibilidade de construir no Brasil um teatro nos mesmos moldes do "Templo da Arte Erudita". Certa vez, o compositor enviou uma carta, um livro e algumas obras a d. Pedro 2º. O imperador convidou o alemão para uma visita ao Brasil, mas a viagem nunca foi realizada.

Parte XXX - Tchaikovsky


Episódios inesquecíveis

No período da adolescência, além da morte da mãe, outros dois acontecimentos marcaram Tchaikovsky para o resto da vida. Um deles acabou por contribuir ainda mais com seus problemas de desequilíbrio emocional. Ao contrair escarlatina, um amigo que exercia o papel de tutor de Tchaikovsky na classe que freqüentava, Modesto Alexeievitch Vakar, levou-o para sua própria casa, em vez de deixá-lo em quarentena na escola. Um dos filhos de Vakar contraiu a doença e morreu aos cinco anos. O compositor considerou-se o culpado pela morte do menino e jamais deixou de se auto-acusar, desejando inclusive morrer. Em decorrência da tragédia, Vakar, com o objetivo de atenuar o sentimento de culpa pela morte do filho, levou Tchaikovsky ao teatro para assistir ao Don Giovanni, de Mozart. Foi a primeira vez que ele entrou em contato com a obra do compositor, que o impressionou muito. Antes só conhecia a ópera italiana, que dominavam o cenário russo. "A música de Mozart fez nascer em mim um êxtase [...]. Devo à Don Giovanni o fato de ter-me dedicado inteiramente à música", afirmou.

Paixão juvenil

Em 1868 Tchaikovsky conheceu a francesa Désirée Artot, quando ela estava em Moscou como membro de um grupo italiano. Talentosa cantora e de grandes dons dramáticos, o compositor ficou entusiasmado com a atuação da soprano. "Que atriz, que cantora! [...] Raras foram as vezes que encontrei uma mulher tão boa, amável e inteligente", afirmou o músico. Em uma carta enviada ao pai, Tchaikovsky conta que pensava em se casar com a moça. No entanto, a atriz não aceitou o pedido, e, pouco tempo depois, casou-se com um cantor espanhol.

Casamento desastroso

Aos 37 anos Tchaikovsky começou a receber cartas de amor de Antonina Miliukova. Ela dizia ser uma de suas alunas, mas ele não se recordava. Uma vez ela ameaçou se matar caso o compositor não fosse encontrá-la. "Meu primeiro beijo será para você e para nenhum outro. Não posso viver sem você", dizia o trecho de uma das correspondências. Preocupado com os boatos e fofocas sobre a sua homossexualidade, o compositor casou-se com ela no dia 30 de julho de 1877. Poucos dias depois da cerimônia, escreveu para um de seus irmãos: "Fisicamente, ela me inspira repugnância total". Após dias e dias de sofrimento por conta da infeliz união, ele tentou o suicídio. Entrou no rio Moscou, onde ficou por algumas horas, com a intenção de contrair uma pneumonia que o matasse. Embora não tenha ficado doente, teve uma violenta crise depressiva, que o fez perder a consciência por dois dias. "Permaneci duas semanas em Moscou com minha esposa. Foram duas semanas de contínua, absoluta e insuportável tortura moral. Cai no desespero, decidi morrer. Parecia a única saída".

Anjo protetor

Em 1876, Tchaikovsky iniciou um relacionamento com a milionária viúva Nadejda von Meck. Impressionada com a música de Tchaikovsky, e ao saber das dificuldades financeiras do compositor, ela resolveu ajudá-lo, dando-lhe uma pensão de 6.000 rubros por ano. No entanto, estabeleceu uma condição ao músico: que nunca se encontrassem, podendo se comunicar apenas por cartas -em 14 anos, eles trocaram mais de mil correspondências, às vezes três ou quatro por dia. Estas cartas se conservaram e são de vital importância para conhecer as opiniões, impressões e esperanças do compositor. A relação, para a viúva, transformou-se em um silencioso amor. Já o compositor, a via como um anjo protetor, uma figura maternal. A amizade foi rompida quando um colega de Nadejda a convenceu de que Tchaikovsky não passava de um aproveitador. Por isso, ela escreveu uma carta ao compositor, em 1890, para comunicar o fim do relacionamento. Na época, ele estava no auge da fama e ganhava muito dinheiro, e ficou extremamente chocado com a ruptura afetiva. "Meu amor próprio foi violentamente ferido. Descubro que, na realidade, tudo não passou de um negócio de dinheiro que terminou da maneira mais banal e estúpida. [...] Perdi minha tranqüilidade, e a felicidade que talvez o destino ainda me reservasse ficou envenenada para sempre'", relevou a decepção em carta a um amigo.

Morte duvidosa

As causas da morte de Tchaikovsky nunca foram claras. A versão oficial é que ele bebeu um copo de água infectada com cólera. No entanto, depois foram revelados motivos mais obscuros. Tchaikovsky teria sido convocado para uma reunião com seus antigos companheiros da Escola de Direito. Ao tomarem conhecimento de um possível envolvimento do compositor com um jovem da aristocracia russa, eles teriam dito para o compositor se suicidar caso não quisesse que a questão se tornasse pública. Depois de menos de uma semana do encontro, o músico morreu. Há evidências de que a causa da morte tenha sido provocada por ingestão de arsênico. Mas ainda há a dúvida se ele próprio teria colocado a substância em sua bebida ou se teriam colocado propositalmente.

Parte XXIX - Stravinsky


Tumulto

O tema extremamente forte do balé A sagração da primavera retrata rituais cruéis de um sacrifício pagão. A rítmica agressiva da música e as mudanças bruscas de compasso e harmonia chocaram a platéia na época em que foi encenada pela primeira vez em 1913. Houve vaias e aplausos, uma mistura de emoções tomou conta do teatro. O barulho era tanto que o coreógrafo Nijinski foi obrigado a gritar a contagem dos passos já que seus bailarinos não conseguiam escutar a orquestra.

Uma tremenda polêmica foi criada em torno da peça. Para os conservadores Stravinsky se tornara um monstro; em compensação, para os vanguardistas, um verdadeiro herói.

Madrinha real

Na década de 20, Stravinsky era considerado uma das personalidades mais queridas pelo povo francês. Dessa forma conquistou o respeito e a ajuda da Princesa de Polignac, mais famosa mecenas da França.

Seu patrocínio proporcionou a montagem de diversos espetáculos e divulgação de seu trabalho em vários países do mundo.

Prevendo o futuro

Claude Debussy chegou a ser um grande amigo de Stravinsky. Não só na vida pessoal mas também no trabalho houve perfeita sintonia entre os dois. Prevendo esta cumplicidade, Rimsky-Korsakov chegou a dizer ao aluno quando esteve pela primeira vez na França: "Melhor não ouvir sua música, ou você realmente irá gostar".

Picadeiro

Seu primeiro sucesso em solo americano foi a peça Cirkus polka (1942), feita especialmente para a apresentação de elefantes em espetáculos circenses.

Sonho realizado

O balé Pulcinella (1920) foi no íntimo o trabalho mais gratificante para Stravinsky. A obra que havia sido encomendada pelo amigo Diaghilev, contou com o cenário pintado inteiramente por Pablo Picasso, por quem o músico expressava intensa admiração.

Parte XXVIII - Strauss


A terceira paixão de Strauss

A maior paixão de Richard Strauss -depois da música e da família-- era os jogos de carta. Quando não estava compondo, dedicava-se ao Skat, o preferido do compositor. Depois de aprendê-lo, em 1890, nunca mais o largou. Tornou-se um vício. "As pessoas me criticam porque eu gosto muito de jogar Skat. Mas eu posso assegurar que é a única hora que eu não estou trabalhando", afirmou o músico a um amigo. Strauss é lembrado como um brilhante, criativo e habilidoso jogador. Mesmo contrariando as vontades da esposa --Pauline desaprovava o amor do marido pela atividade--, o Skat foi tão importante na vida do músico que ele chegou a retratá-lo em uma das cenas mais interessantes da obra Intermezzo, uma comédia autobiográfica.

Briga com o Nazismo

Durante um dos períodos mais difíceis da história da Alemanha --o Nazismo-- Strauss teve como um de seus parceiros o libretista judeu Stefan Zweig. Antes de estrear a ópera A mulher silenciosa, uma adaptação da comédia de Ben Jonson, em 1935, Joseph Goebbels, então ministro da Propaganda, ordenou que o nome do libretista fosse riscado do programa e do cartaz diante do teatro. Muito nervoso, Strauss ameaçou cancelar a estréia, esperada por espectadores de todos os cantos da Europa. O prestígio internacional do compositor era tanto que o governo cedeu. Goebbels permitiu a estréia da ópera, mas, pouco depois, a retirou de cartaz. Zweig continuou a colaborar com o compositor, mas às escondidas. A partir desde momento, Strauss comprou briga com o governo Nazista. Ele foi demitido do cargo que ocupava no Ministério da Música e proibido de reger, por um longo tempo, na Alemanha e na Áustria.

Fantasma?

Logo depois da Segunda Guerra Mundial, Strauss ficou extremamente doente e muito amargurado pelo desmantelamento da Alemanha e pelos sucessivos bombardeios dos quatro grandes teatros que tinham assistido ao nascimento de suas obras (Berlim, Munique, Dresden e Viena). Por conta disso, isolou-se cada vez mais dos centros urbanos e dos palcos. Quando foi para Londres, em 1947, para reger um festival de obras próprias, os espectadores ficaram espantados: todos achavam que ele tinha morrido.

Protestos e aplausos para Salomé

Uma das mais famosas óperas de Strauss, Salomé, baseada na obra do literato Oscar Wilde, desencadeou uma série de protestos na Alemanha, logo na estréia, em 1905. Devido ao teor erótico que permeava a peça, vários teatros alemães fecharam as portas para o compositor. O cenário mostra um palácio real oriental dos tempos de Jesus Cristo. Salomé, a filha do rei Herodes, apaixona-se por João Batista, que a desdém. Herodes nutria uma intensa atração pela filha, e a obriga a dançar a "dança dos sete véus". Em troca, ela pede a cabeça de João Batista. O rei cede ao pedido. Com a cabeça decepada do amado nas mãos, Salomé trava um longo, louco e desesperado diálogo e beija os lábios ensangüentados de João Batista. Os críticos conservadores ficaram chocados com o espetáculo. A soprano Marie Wittich recusou o papel de Salomé, alegando ser uma "mulher honrada". No entanto, o público, entusiasmado, aplaudiu a obra, fazendo com que os cantores e atores voltassem 36 vezes ao palco.

Parte XXVII - Schumann


Poesia em forma de música

A familiaridade de Schumann com a poesia revela-se nos títulos de boa parte de suas composições, a exemplo de Cenas infantis op. 15 (Kinderszenen), uma de suas principais peças para piano, escrita 1838, e que contém subtítulos como esses: "Completamente feliz", "Um acontecimento importante", "O cavalo de balanço" e "Criança a adormecer".

Casamento como remédio

Quando começou a sentir os primeiros sintomas de problemas mentais, Schumann procurou a ajuda de um médico. Este, como remédio, recomendou que o compositor tratasse imediatamente de arranjar um bom casamento. Schumann chegou a ficar noivo de uma moça, Ernestine von Friecken, a quem dedicaria muitas de suas obras. Mas o noivado foi bruscamente interrompido pelo músico, que decidira assumir mesmo o romance com Clara Wieck e enfrentar o furioso pai da futura esposa.

No fundo da gaveta

A obra que Schumann compôs em seus últimos anos de vida não tem o mesmo brilho de seu trabalho anterior, especialmente o dos tempos de mocidade. Por causa disso, alguns amigos do compositor trataram de esconder parte de sua produção, buscando evitar que passassem à posteridade. O violinista Joseph Joachim, seu amigo íntimo, guardou no fundo da gaveta o Concerto para violino e orquestra, composto em 1853 e dedicado a ele. A obra só veio a público no século 20, por iniciativa dos descendendes do artista.

O médico e o monstro

Schumann assinou alguns de seus artigos críticos com dois recorrentes pseudônimos: Eusebius e Florestan. Com o primeiro, adotava um tom sensível e poético. Com o segundo, escrevia textos impetuosos e dramáticos. A mesma dicotomia também esteve presente em sua obra musical, na qual algumas peças ora levam a assinatura de Eusebius, ora de Florestan. O que parece ser um interessante recurso estético foi considerado, por alguns biógrafos, sintoma da "dupla personalidade" do atormentado compositor.

Sem provas

Brahms estava morando com Schumann, na condição de aprendiz, quando os sintomas da loucura do mestre se manifestaram com maior nitidez. Alguns biógrafos insinuam que, neste período, e por um longo tempo após a morte de Schumann, o jovem Brahms e a viúva Clara tenham vivido um caso de amor secreto. Previdentes, os dois trataram de eliminar toda a correspondência travada entre si.

Parte XXVI - Schubert


Ave Maria

Uma das composições mais conhecidas de Schubert é a Ave Maria. Originalmente, a letra da canção era uma tradução de Adam Storck, para o alemão, de um poema do escritor britânico Walter Scott. Mas a Ave Maria de Schubert ficaria mesmo célebre com a versão da letra em latim, como hoje é costumeiramente executada.

Longe do piano

Apesar de ser um exímio pianista, Schubert não gostava de apresentar-se em público. Seu principal objetivo era a composição. Tinha, aliás, um método bem peculiar de compor. Preferia não utilizar-se do piano, pois alegava que o instrumento atrapalhava o fluxo de sua idéias. Escrevia as músicas diretamente no papel, fazendo poucas correções posteriores.

Bolsa de estudos graças à voz

Schubert, desde garoto, tinha uma bela voz. Por causa dela, ganhou uma bolsa de estudos em Stadtkonvikt, uma das melhores escolas de Viena, por ter sido escolhido como soprano para o coro da Capela Imperial, em 1808. Em Stadtkonvikt, foi o primeiro violino da orquestra da escola. Mas em 1812, com a adolescência, sua voz tornou-se grave. Schubert teve que sair do coro e perdeu o direito à bolsa de estudos.

Música em troca de dinheiro

Para fugir das muitas dívidas, Schubert costumava dedicar suas músicas a membros da aristocracia, que lhe agradeciam em dinheiro. Gretchen am Spinnrad, por exemplo, foi dedicada ao conde Moritz von Fries, que retribuiu ao compositor com a quantia de 650 florins. Cerca de 50 composições de Schubert possuíram dedicatória. Contudo, algumas dessas obras não lhe renderam nenhuma recompensa financeira. Muitas, por exemplom, foram dedicadas a Beethoven, como homenagem sincera àquele que era seu ídolo musical.

Sinfonia Inacabada

Ao contrário do que se costuma pensar, a Sinfonia Inacabada de Schubert não recebeu este nome porque o autor morreu antes de terminá-la. Na verdade, a composição data de 1822, seis anos antes da data da morte do autor. Por motivos nunca bem explicados por seus biógrafos, Schubert simplesmente desistiu de completar a obra, que mesmo assim é considerada uma de suas principais realizações.

Parte XXV - Rossini


Clarinetista mestre-cuca

Além da música, a comida era uma das duas grandes paixões na vida do rechonchudo Gioacchino Rossini. Criou-se inclusive um extenso anedotário sobre o quanto a segunda teria interferido na primeira. Conta-se, por exemplo, que havia uma motivação de fundo gastronômico para o fato de, na maioria de suas óperas, a apresentação da segunda clarineta ficar reservada apenas para o primeiro ato. Segundo consta, um dos clarinetistas preferidos de Rossini era um exímio cozinheiro. Assim, durante o intervalo, ele poderia ir para a cozinha preparar o jantar que o compositor desfrutaria após o espetáculo.

Rossini no prato

Conhecido como um grande gourmet, o compositor criou um prato chamado Tournedos Rossini, que até hoje consta no cardápio da cozinha internacional. Servido originalmente no Café Anglais, localizado no Boulevard des Italiens, em Paris, trata-se de um medalhão de filé coberto por uma camada de foie gras e trufas laminadas. O chef do restaurante teria ficado irritado com a interferência de Rossini, que insistira em preparar o próprio prato à mesa, mandando vir os ingredientes, um a um, da cozinha. "Se não está gostando, vire as costas", teria dito Rossini ao chef.

Um molho com gosto de Wagner

Rossini passou boa parte de sua vida negando a autoria de uma frase sobre o compositor alemão Richard Wagner, atribuída a ele pela imprensa parisiense da época. Segundo a lenda, numa mesa rodeados de amigos, Rossini teria comparado um turbot à l'Allemande, molho fortemente condimentado, à obra de Wagner. "Isso parece a música de Wagner: tem um molho forte, mas não tem nenhuma substância, nenhuma melodia". O próprio Rossini fez uma visita a Wagner para desmentir pessoalmente a pilhéria.

Coelhinho de madame

Famoso pelas suas pilhérias, Rossini foi abordado certa vez por uma senhora da alta sociedade parisiense, que lhe indagou como deveria se dirigir a ele: "grande mestre", "gênio divino" ou "príncipe da música"? Rossini riu e respondeu: "Preferia que a madame me tratasse por 'meu coelhinho' ".

Gato na ópera

A primeira apresentação de O barbeiro de Sevilha, em 1816, na Itália, foi um fracasso histórico. O público vaiou a ópera do começo ao fim. Para piorar a situação, um gato resolveu entrar no palco em meio a uma das árias. O bichano pulou no colo de um dos atores e só a muito custo foi expulso do palco, após ameaçar arranhar duas atrizes com mordidas e unhadas.

Parte XXIV - Rimsky - Kosarkov


A censura do Império Russo

Em 09 de janeiro de 1905 ocorreu o "Domingo Sangrento", um dos primeiros acontecimentos que desencadearam a Revolução Russa. No episódio, tropas imperiais massacraram mais de mil pessoas durante uma manifestação pacífica de trabalhadores na capital do Império Russo. A brutalidade com que a passeata foi reprimida indignou todo o país, resultando em diversas manifestações de protestos, entre elas, a dos estudantes do Conservatório de São Petersburgo.

Por conta disso, o diretor do conservatório chamou a polícia para fechar o grêmio estudantil. Rimsky-Kosarkov, professor do centro musical desde 1871, ficou do lado dos alunos e publicou, no jornal liberal "Róssia", uma carta aberta onde contestava energicamente a postura do diretor e da polícia. Em função desta carta, a escola foi fechada e mais de cem alunos foram expulsos. O compositor foi demitido do conservatório e renunciou ao cargo de sócio honorário da Sociedade Musical Russa. O afastamento de Rimsky-Kosarkov da escola provocou o pedido de demissão de boa parte do corpo docente.

Na seqüência, ele começou a reger concertos em benefício dos operários em greve e dos desempregados e continuou a dar aulas em sua própria casa, pois se recusava a abandonar os alunos que haviam sido obrigados a deixar os estudos injustamente. Devido às atitudes que tomou, o compositor passou a ter sérios problemas com a censura imperial, tendo várias de suas obras censuradas por um longo período. "Só se pode explicar tal exagero de meus méritos e de minha pretensa coragem cívica pela agitação que reinava na sociedade russa [...]. De minha parte o amor próprio não experimentava satisfação alguma [...]. Minha situação era absurda e insuportável. A polícia mandou proibir a apresentação de minhas obras em São Petersburgo. [...] No verão seguinte, começaram a esquecer essa proibição estúpida e minhas obras voltaram a aparecer em programas de concerto dos teatrinhos do subúrbio. Mas na província, os 'censores' continuavam a achá-las revolucionárias por longo tempo", disse o compositor.

Rimsky-Korsakov e o Rio de Janeiro

Depois de formar-se na Guarda Marinha Russa, Nikolay Rimsky-Korsakov teve de prestar, como exigia o regulamento, ao menos dois anos de serviço em um navio escola. Viajou --de 1862 a 1865-- em um cruzeiro de treinamento na embarcação de guerra Almaz (diamante). Em julho de 1864, o Almaz aportou no Rio de Janeiro, onde ficou retido por bastante tempo para fazer reparos em duas máquinas. Em memórias, publicadas em 1909, o compositor faz uma descrição muito positiva do Brasil ao dizer que se impressionou pelas cores, pelos aromas e pela luminosidade do país. "Que lugar! A baía, fechada por todos os lados, mas espaçosa, é rodeada por verdes montanhas cobertas pelo Corcovado. [...] É junho, mês de inverno no hemisfério Sul. Mas que maravilhoso inverno abaixo do Trópico de Capricórnio. O novo mundo, o hemisfério Sul, um inverno tropical em junho. Tudo é diferente, não como na nossa Rússia", afirmou Rimsky-Korsakov.

Tratado de orquestração

Rimsky-Korsakov escreveu um tratado de orquestração que foi muito utilizado pelos estudantes de composição durante o século 20. Atualmente, no entanto, o tratado tem sido menos adotado por causa dos exemplos de instrumentação, que trazem apenas obras do próprio compositor.

Parte XXIII - Prokoviev


Indefinição

Prokofiev dedicou- se a vários gêneros e nunca deixou que definissem seu trabalho. Nem mesmo os mais severos especialistas conseguiram chegar a um acordo. Para os críticos musicais europeus, suas obras escritas no ocidente são oportunistas e burguesas, já os americanos as consideram especificamente russas.

Difícil de entender

Em 1931 o pianista austríaco Paul Wittgenstein encomendou uma música, mas jamais a interpretou. O Quarto concerto para piano seria recusado simplesmente porque Paul não teria entendido uma nota sequer da obra.

Presente de grego

O governo soviético convidou Prokofiev em 1932 a retornar definitivamente à Moscou, oferecendo- lhe vários incentivos, como um apartamento e um carro novo. Na verdade, a política interna estava apenas preocupada em manter o nacionalismo russo forte, com a ajuda de personalidades. Nunca teve como intenção de trazer o músico de volta apenas para cultuá-lo como artista.

Exílio

Lina Llubera, sua primeira mulher, após a separação foi enviada para um campo de concentração na Sibéria, sendo libertada após oito anos de trabalhos forçados.

Lamentável despedida

A triste coincidência da morte entre Prokofiev e Stalin causou transtorno entre os admiradores do músico. Durante três dias foi impossível transportar seu corpo, já que o povo tumultuava as ruas próximas à Praça Vermelha, chorando pelo ditador.

Apesar dos esforços, não conseguiram organizar uma despedida digna. Nem uma flor natural enfeitou seu caixão; todas disponíveis na cidade foram enviadas para Stalin. Diante disso, seus alunos e amigos fizeram rosas de papel e improvisaram um tributo musical tocando a marcha fúnebre de Romeu e Julieta num velho toca-discos.

Crianças

Preocupado com o futuro das crianças que viviam em meio a tão conturbada fase política, resolveu criar uma obra que as distraísse e levasse ao gosto pela arte.

Lançou então, no ano de 1936, um conto musical para crianças: Pedro e o Lobo. Seu objetivo com este trabalho era oferecer aos pequenos uma forma simples de conhecer os principais instrumentos e sons de uma orquestra sinfônica.

Baseado num antigo conto russo, ele deu a cada personagem da historinha uma instrumentação diferente. “Pedro”, por exemplo, é representado pelas cordas, o “Lobo” é a trompa e os “caçadores” são a percussão.

Parte XXII - Vivaldi


Batismo urgente

Logo em suas primeiras horas de vida, Vivaldi correu perigo em função da saúde frágil. O recém-nascido estava tão debilitado a ponto da parteira ter-se apressado em batizá-lo ainda no quarto. Durante sua trajetória, o artista conviveu com a doença "strettezza di petto", uma angústia crônica que lhe provocava falta de ar.

Fuga na missa

Os cabelos ruivos, característica genética dos Vivaldi, rendeu ao compositor o apelido de "padre vermelho". Os historiadores afirmam que ele teria chocado o clero e sido suspenso das funções sacerdotais ao abandonar o altar em meio a uma cerimônia religiosa para supostamente compor um concerto. Mesmo longe da sacristia, o músico manteve uma relação cordial com a Igreja e tornou-se um dos mais influentes compositores do estilo barroco.

Tudo pela arte

Durante quatro décadas, Vivaldi realizou-se como mestre e diretor instrumental no Ospedale della Pietà. Ele dedicou-se ao magistério mesmo sendo muito mal remunerado. A paixão pela música ofuscava a questão financeira e a satisfação de Vivaldi vinha à tona quando se deparava com uma boa orquestra, coro e solistas, que lhe permitiam a execução de suas obras e toda a sorte de experiências musicais.

Em boa companhia

O compositor recobrava a tranqüilidade, após as sérias crises de asma, graças aos cuidados recebidos permanentemente por uma espécie de séquito, composto de quatro a cinco pessoas que lhe eram indispensáveis e que criavam à sua volta um clima familiar e reconfortante. Esse grupo formado exclusivamente por mulheres: Annina, sua discípula, a irmã desta, Paolina, a mãe das duas, e mais uma ou outra moça, deu muito o que falar.

Superdotado

A facilidade com que escrevia música era desconcertante. À margem do manuscrito de uma de suas óperas, havia uma anotação de Vivaldi que revelara que a tal obra fora inteiramente composta em cinco dias. Certa vez, havia conseguido compor dez concertos em apenas três dias.

Parte XXI - Mozart


Dança dos nomes

O gênio austríaco passou a vida trocando seus nomes o que acabou confundido até os historiadores. Uns dizem que ele foi batizado como Johannes Chrysostomus Wolfgang Gottlieb Mozart e outros já afirmam que no lugar de "Gottlieb" era "Theophilus" e de "Wolfgang" era "Wolfgangus". Na verdade, "Theophilus" é a tradução em latim de "Gottlieb" e "Wolfgang" é a versão abreviada de "Wolfgangus", nome de seu avó materno. Mais tarde, seu pai retirou o "Johannes Chrysostomus" e o próprio Mozart, após sua passagem pela Itália, trocou o "Gottlieb" ou "Theophilus" por "Amadeus" que ainda pode ser encontrado na versão italiana como "Amadeo".

O mistério do Réquiem

Há muitas lendas em torno da encomenda de um Réquiem feita a Mozart, próximo de sua morte. Em Amadeus, filme de Milos Forman que retrata a vida do músico, a versão contada é a de que Antonio Salieri, um compositor rival, sorrateiramente pediu a obra --por algum tempo, acreditou-se que Mozart havia sido envenenado por ele. Mas segundo os biógrafos do compositor, a missa fúnebre fora encomendada pelo conde von Walsegg-Stuppach, que desejava homenagear a memória da esposa.

Cidadão maçom

Inquieto e, ao mesmo tempo, melancólico, o compositor sempre estava em busca do autoconhecimento. Assim, ele foi para a maçonaria. Em 1784, ele entrou para a ordem como aprendiz e no ano seguinte já era mestre. A adesão foi engajada, como comprova uma série de suas obras de inspiração maçônica, que datam desta época. Inclusive os caçadores de enigmas, até hoje, acreditam que há várias mensagens maçônicas nas sinfonias de Mozart.

Catálogo codificado

As obras de Mozart são identificadas pela letra K., seguida de um número que designa a ordem cronológica das composições. O K. vem do nome de Ludwig von Kochel, que organizou um catálogo das obras de Mozart, publicado em 1862, sob o título de Chronologist-thematisches Verzeichnis samticher Tonwerke W. A. Mozart (Registro cronológico-temático de todas as obras musicais de W. A. Mozart). Em alemão, a sigla é KV. Uma revisão definitiva deste catálogo foi elaborada por Alfred Einstein, em 1937.

Prestígio europeu

Durante a turnê pela Europa, o barão alemão Friedrich Melchior Grimm, residente em Paris e publisher do Correspondance littéraire, manuscrito que circulava para a elite européia por meio de assinaturas, escreveu: "Mozart, que completará sete anos em fevereiro próximo, é um extraordinário fenômeno. É difícil de acreditar o que vemos com nossos olhos e escutamos com nossos ouvidos". Também impressionados com a performance de Mozart, o Rei George III e a Rainha Charlotte convidaram duas vezes o pequeno gênio para tocar no Palácio Buckingham, em Londres.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Parte XX - Mendelssohn


Música para noivas

Uma das obras mais conhecidas de Felix Mendelssohn é, sem dúvida, a "Marcha Nupcial", composta em 1842, incluída em Sonho de uma noite de verão e, até hoje, presença obrigatória no início e no final das cerimônias de casamento em todo o mundo.

"Sinfonias de turista"

Algumas das melhores sinfonias compostas por Mendelssohn foram inspiradas pelas muitas viagens que fez pelo continente europeu. Quando morou em Roma, por exemplo, em 1833, compôs sua Sinfonia em lá maior, que ficou conhecida como "Sinfonia Italiana". Em 1842, na Escócia, compôs a Sinfonia em lá menor ou "Sinfonia Escocesa". Por causa disso, há quem chame essas obras de "sinfonias de turista".

No palácio real, sentiu-se em casa

Conta-se que ao tocar especialmente para a Rainha Victória, em Londres, no ano de 1842, Mendelssohn surpreendeu a realeza da Inglaterra ao tocar, ao piano, com a mão direita o hino austríaco e, com a esquerda, o britânico. Na saída, o milionário Mendelssohn comentou, sobre a residência oficial de Sua Majestade: "A única casa realmente bonita e confortável de Londres é o Palácio de Buckingham".

Mudança de nome

A conversão da abastada família judia Mendelssohn ao cristianismo, mais precisamente ao luteranismo, foi necessária para que seus membros pudessem ser aceitos no meio da alta burguesia alemã. Com a conversão, muitos da família passaram a adotar o sobrenome Bartholdy, cristão, em lugar do tradicional Mendelssohn, judeu.

Milionário e superficial?

O fato de Mendelssohn ter nascido em uma família rica e, por isso, nunca ter enfrentado qualquer dificuldade material para desenvolver sua carreira de compositor, já foi alvo de críticos mais severos. Alguns deles consideravam que a ausência de obstáculos na vida pessoal teria se refletido na obra de Mendelssohn, que seria autor de uma obra "fácil" e "superficial". Este julgamento, contudo, não se sustenta mais hoje. Mendelssohn é reconhecido como um dos grandes nomes da música do século 19.

Parte XIX - Delibes


Pseudônimo - Por volta de 1848 Léo Delibes trabalhou como crítico de teatro no jornal "O Gaulês", assinando sob o pseudônimo de Eloi Delbès. Nesse mesmo período passou a escrever inúmeras operetas, mantendo a média de uma por ano, a maior parte para o teatro.

Registros variados - Rapidamente popularizadas, tanto "Coppélia" como "Sylvia" foram publicadas com versões diferentes na época em que foram lançadas. Isso gerou um grande número de arranjos novos em cada uma das obras. A maior parte das produções atuais, no entanto, consulta a versão original de Delibes.

O melhor balé - Não só alguns críticos julgam que "Sylvia" é o melhor balé de Delibes, superior ao "Lago dos Cisnes" de Tchaikovsky. O próprio compositor russo teria feito essa declaração publicamente.

Amigos de palco - Além de Tchaikovsky outro artista que admirava Delibes foi Bizet. O reconhecimento era recíproco, tanto que o Delibes esteve presente na estréia de "Carmem" e de "Os pescadores de Pérola".

Teatro Garnier - "Sylvia" foi o primeiro balé dançado no teatro Garnier, em Paris. Essa obra é um marco porque teria lançado uma idéia de emancipação do personagem feminino, que dominou a dança romântica no século 19.

Parte XVIII - Haydn


Universo feminino

Em 1760, Haydn se casou com Maria Anna Keller mas o matrimônio não durou muito. No pouco tempo em que ficaram juntos, não tiveram filhos. Mas, especula-se que Haydn tenha deixado herdeiros, possíveis filhos com a amante Luigia Polzelli, cantora no estabelecimento dos Eszterházy, com quem viveu um longo romance. Haydn era considerado feio e de baixa estatura, e ficava surpreso quando as mulheres o seguiam durante suas visitas a Londres.

Momentos difíceis

Longe da família, o pequeno Haydn passou maus bocados na casa de Johann Matthias Franck, o responsável pela mudança do garoto para Viena. Haydn revela ter passado fome e humilhações enquanto permaneceu debaixo do mesmo teto com o mestre de capela em Hainburg.

Polifonia instrumental

Haydn tem seu lugar na história marcado pelas inovações que trouxe na música instrumental, desenvolvendo a forma-sonata e consolidando a estrutura de novos gêneros, como a sinfonia e o quarteto. O compositor elaborou uma nova polifonia instrumental com a finalidade de dar coesão ao quarteto e à sinfonia, sem o apoio do baixo-contínuo.

Origem húngara

O compositor nasceu na vila de Rohrau, na Áustria, próxima à fronteira com a Hungria. Comenta-se que o avô do compositor tenha sido o primeiro do clã a sair do território húngaro e se estabelecer na Áustria, por volta de 1650.

Senso de humor

A personalidade de Haydn também revelava um lado cômico. Em uma de suas sinfonias, fez com que os músicos parassem de tocar, um de cada vez, até que só sobrasse um único musicista, como forma de dizer ao príncipe que eles estavam precisando de férias. Em outras ocasiões, ele introduzia uma nota forte súbita, para evitar que os espectadores dormissem durante a execução.

Parte XVII - Puccini


Plágio 1 - Puccini foi acusado de plágio por Jules Massenet pela obra "Manon Lescaut" (1893). É que anos antes, Massenet havia sido bem-sucedido com a ópera que tratava da personagem romântica Manon. Puccini remodelou essa obra e criou uma Manon sensual, com mais de um amante. "Massenet nos mostra uma Manon típica da França. Vou mostrá-la como um italiano, com uma paixão quente", teria comparado. Após um acordo entre as partes, a ópera do francês passou a se chamar "Manon" e a de Puccini, "Manon Lescaut".

Plágio 2 - "Tosca", uma das óperas mais populares de Puccini, é baseada em um drama de Victorien Sardou e conta a história de uma cantora que mata o chefe da polícia de Roma. Ernest Daudet acusou Puccini de plagiar uma obra sua. já o autor norte-americano Maurice Barrymore acusava Puccini de ter "roubado" a idéia de um drama seu, "Nadjeska" (1884), cuja cena final trata do falso fuzilamento do herói.

Elogio - Muito popular nos Estados Unidos, Thomas Edison enviou para Puccini um presente, um gramofone com a tuba de ouro, que trazia a seguinte mensagem: "Outros farão inventos maiores do que o meu. Mas ninguém fará música melhor do que Puccini".

Auto-elogio - A modéstia decididamente não combinava com Puccini. Após os aplausos da fervorosa platéia na estréia de "Madame Butterfly", em 1904, em Milão, Puccini teria comentado: "Trata-se da melhor ópera que já escrevi e tenho convicção de que terá uma posição de destaque em todo o mundo".

Interesses - "Tosca" tinha tudo para não ser uma ópera de Puccini. Primeiro porque o autor da obra, Victorien Sardou, não gostava das músicas do italiano. Seu editor, Giulio Ricordi, demorou muito para conseguir os direitos do autor. Com o desinteresse de Puccini, acabou oferecendo o título para outros compositores. Puccini só passou a se interessar por "Tosca" depois de saber que Verdi havia participado de uma reunião com esses compositores em Paris. Ricordi então opera e faz com que Puccini obtenha os direitos da obra.

Hereditariedade - Artigo no site espírita www.espirito.org.br mostra que Puccini seria a reencarnação do trisavô, que tinha o mesmo nome e a mesma paixão pela música. A família Puccini formou gerações de músicos na Itália. Mesmo para quem não acredita em reencarnação, vale pelas coincidências entre os parentes. Endereço do artigo: www.espirito.org.br/portal/artigos/diversos/reencarne/puccini-voltou-puccini.html

Parte XVI - Debussy


Aluno rebelde

Audacioso e questionador, não aceitava as regras impostas na escola e muito menos os métodos tradicionais de ensino. Seus improvisos no piano, por mais brilhantes e originais que fossem, causavam desconforto entre os professores, e as notas que recebia nem sempre eram dignas de seu esforço.

Contestação

No final do século XX a música de Wagner predominava com força total. Apesar da forte influência wagneriana que sofreu no início da carreira, passou a renegá-lo. Não concordava com a supervalorização dada às orquestras. Segundo Debussy, elas sufocavam a voz humana e exaltavam de maneira errônea os sentimentos individuais.

Exótico

Em 1889, durante a famosa Exposição Internacional de Paris, conheceu um pouco da cultura japonesa, e passou a demonstrar grande interesse pela música oriental.

Fora dos padrões

Suas idéias estavam longe das normas aceitas e consumidas pela sociedade da época. Chegou a negar um convite de trabalho na Academia de Belas Artes por considerá-la ultrapassada.

Novos horizontes

Tentando sempre se libertar dos cânones tradicionais, foi muito incompreendido. Mas nada o incomodava. Chegou até mesmo a propor a criação de uma 'sociedade de esoterismo musical'.

Parte XV - Ravel


Portas fechadas no Prix de Roma

Ravel concorreu ao Grande Prêmio Musical de Roma, o mais cobiçado da época, por cinco vezes. Em nenhuma delas saiu vencedor. De acordo com os jurados, suas composições inscritas transgrediam as normas musicais vigentes.

Reacionário, não; apenas dinâmico

Foi considerado o 'último clássico', antes de Stravinsky e a escola de Schönberg realizarem a grande subversão da música, modificando radicalmente as regras do sistema tonal.Ravel gostava de esclarecer que não considerava suas músicas transgressoras, mas ”em desenvolvimento”.

Fascínio pelo novo

Seu hobby era colecionar relógios e caixinhas de música. Adorava novidades, e em 1906 escreveu a obra Introdução e allegro apenas para demonstrar o uso da harpa com pedal, grande lançamento da época.

Influente crítico musical

A orquestração é um dos pontos mais marcantes de sua obra, mas relativamente pouco do que fez foi produzido originalmente para orquestra. Além da composição de música pura, produzia peças exclusivas para os Ballets Russes de Diaghilev e escrevia respeitadas críticas musicais.

Trilha sonora

Sua obra Bolero se tornou uma coqueluche graças ao filme Retratos da vida, filmado na França em 1981.No trabalho do cineasta Claude Lelouch, a última cena é dançada, ao som do Bolero, pelo bailarino argentino Jorge Donn, nos Jardins do Trocadero, bem próximo a Torre Eiffel. A perfeição do balé coreografado por Maurice Béjart, em conjunto com a música de Ravel, tornou a parte final do filme inesquecível.Segundo especialistas, é a música francesa mais tocada em todo o mundo.

Parte XIV - Gershwin


Reconhecimento

A importância de Gershwin para os americanos era tanta, que ao ser diagnosticada a sua doença cerebral, a Casa Branca ordenou imediatamente que dois destroiers localizassem em um iate, na baía de Chesapeake, o melhor neurologista do país que se encontrava em férias

Obras consagradas

Suas composições nunca sofreram rótulos. Sendo interpretadas até hoje por orquestras sinfônicas, cantores líricos, astros de rock, jazzmen...

Frank Sinatra e Ray Charles estão entre as estrelas que imortalizaram algumas obras como: “Nice work if you can get it” e “Bess you is my woman now.

Brincadeira de criança

Muito peralta e esperto quando criança, diversas vezes esmolou nas ruas em busca de dinheiro para ir ao cinema. Era comum vê-lo também furtando doces nas confeitarias da cidade.

Viveu intensamente cada um de seus dias

Sua morte precoce pegou a todos de surpresa, mas não o privou de uma vida intensa e regada a muito conforto.'Bom vivant' e ganhando muito dinheiro com os direitos autorais de suas peças, gastava fortunas em festas e passeios. Gostava de praticar esportes e passava horas do seu tempo livre em um ateliê pintando quadros. Algumas dessas obras estão espalhadas por museus dos Estados Unidos.

Ópera psicodélica

Janis Joplin se tornou mundialmente conhecida quando interpretou no Festival de Monterey em 1967 a canção “Summertime”, que fazia parte da ópera Porgy and Bess, de George e Ira Gershwin.

Parte XIII - Chopin


Talentoso desde o berço

Segundo seus biógrafos, o talento musical de Chopin revelou-se quando ele ainda era apenas um bebê. Antes de completar um ano, o garoto engatinhava embevecido para debaixo do cravo que a mãe, Justina Krzyzanowska, tocava em casa. Consta que, certa feita, ao ouvir marchas militares, o pequeno Chopin chorou desesperadamente, emitindo gritos inconsoláveis de pavor. Mais tarde, ao ser indagado por parentes a respeito do episódio, ele diria que desde muito cedo odiara músicas barulhentas e vazias. Por esse mesmo motivo, o compositor afirmava que sempre abominara a obra de Beethoven, que considerava "barulhenta" demais.

Melhor que o professor

Ao chegar a Paris, o polonês Chopin procurou tomar aulas com o pianista Frederico Kalkbrenner, um de seus ídolos musicais. Mas quando esteve na capital francesa e viu Chopin tocar, o compositor Felix Mendelssohn aconselhou-o a abandonar as lições com Kalkbrenner. Mendelssohn julgava tudo aquilo uma grande perda de tempo. "Você não vai aprender nada com isso, pois toca muito melhor que ele", sentenciou.

No olho da rua

Na temporada que viveram em Palma de Mallorca, Frédéric Chopin e a escritora George Sand, perdulários notórios, torraram em poucas semanas todo o dinheiro que haviam levado para lá, cerca de cinco mil francos. Assim, não conseguiram manter o aluguel em dia e foram várias vezes ameaçados de despejo pelo proprietário da casa onde moravam. Além de não pagar as contas, o casal era mal-visto pelos vizinhos, que temiam a propalada tuberculose do compositor e reprovavam as calças compridas e o comportamento pouco convencional de Sand. Entre aborrecido e apavorado, o senhorio não teve dúvidas: colocou-os no olho da rua.

Crise de abstinência

Nas longas cartas que enviava de Palma de Mallorca aos amigos que havia deixado em Paris, George Sand retratava Chopin como um homem arrasado pela enfermidade, o que, segundo ela própria, contribuiria para afastá-lo sexualmente dela. "Permaneci uma virgem imaculada durante todo o tempo que passamos juntos nessa ilha", escreveu, em tom de queixa.

Coração repousa na Polônia

Os restos mortais de Chopin estão no cemitério Père Lachaise, em Paris. Dentro da urna mortuária, foi depositada uma taça de prata cheia de areia polonesa, um presente que ele guardara por toda a vida e que lhe fora ofertado pelos amigos quando, ainda jovem, deixara sua terra natal. Cerca de três mil pessoas compareceram à cerimônia fúnebre, em que foi interpretada o Réquiem de Mozart, conforme desejo manifestado pelo compositor pouco antes de falecer. O coração de Chopin, extraído de seu peito logo após a morte, foi enviado para a catedral de Varsóvia, na Polônia.

Parte XII - Franck

Ruptura com o pai

Por pouco o pai de César Franck não vai ao seu casamento. A relação entre ambos já estava azeda e só piorou quando o músico anunciou a união com uma filha de atores da Comédia Francesa. Nicolas Joseph cedeu e acabou indo à cerimônia, fevereiro de 1848, na igreja de Sainte Clotilde, onde o filho era organista.

Dormindo com o inimigo

A mulher de César Franck, Félicité Saillot Desmousseaux, teria criticado explicitamente e com virulência algumas de suas obras, especialmente o "Quinteto de Piano" e a "Sinfonia em Re menor", uma de suas músicas mais reproduzidas e talvez a mais famosa. A relação do casal teria piorado muito a partir dessas crítcas.

Música na corte

Em 1834, com apenas 11 anos, César Franck realizou um dos sonhos de seu ambicioso pai. O músico apresentou-se para o rei belga Leopoldo 1º.

Críticas ácidas

A "Sinfonia em Ré menor", a obra mais conhecida de Franck e uma das mais executadas do artista até hoje, foi considerada um fracasso para quem assistiu à estréia, na noite de 17 de fevereiro de 1889. Charles Gounod (1818-1893), compositor francês, afirmou à época que a música era a "incompetência elevada a dogma".

Ciumeira

Franck provocou inimizades quando se tornou professor titular no Conservatório de Paris. É que suas aulas de órgão logo se transformaram em aulas de composição e seus alunos, freqüentemente, se tornavam melhores que outros professores da escola de música.

Cinema

A "Sinfonia em Re menor" inspirou o diretor Billy Wilder. A música de Franck pode ser ouvida no clássico filme noir "Pacto de Sangue", de 1944.

Parte XI - Carlos Gomes


Casamento conturbado

Carlos Gomes conheceu a pianista e professora italiana Adelina Peri quando ela dava aulas no Conservatório de Milão, pouco antes de 1870. Logo iniciaram um namoro. Mas os pais da moça eram contra o relacionamento. Eles só conseguiram se casar porque d. Pedro 2º enviou uma carta ao pai de Adelina dando ótimas recomendações do compositor. Eles tiveram cinco filhos --mas três morreram prematuramente. "[...] figura de 25 a 28 anos de idade, muito inteligente, uma irradiação geral de bondade e de amor infinito a Carlos Gomes. Cabelos negros, olhos pretos com fundo azul à brasileira, dentes de rara beleza, cútis alva, estatura média [...]. Ao vê-la ao lado do caboclo Gomes, sempre impaciente e de mau humor dir-se-ia uma ovelha ao lado de um leão", descreveu André Rebouças, engenheiro brasileiro e amigo do compositor. O casamento, já instável devido a dificuldades financeiras por conta das dívidas contraídas pelo músico, teve fim em 1885. Há quem diga que Carlos Gomes descobriu que era traído pela esposa, e que, depois de atirar todos os pertences da pianista pela janela, deixou a casa e fugiu com os filhos.

Alforria

Carlos Gomes foi objeto de homenagens em todo o país durante os últimos anos do século 19. Em Salvador, por exemplo, um retrato a óleo foi colocado no interior de um teatro, em uma cerimônia onde participavam cerca de 150 instrumentistas. Na ocasião, em nome do compositor, duas escravas receberam a carta de alforria.

Um caboclo na Europa

Quando morava em Milão, Carlos Gomes era visto, por muitos de seus contemporâneos, como um "animal" perdido em terras estranhas. O poeta italiano Antônio Ghislanzoni o retratava como um selvagem, cabelos revoltados, vestido com pesados casacos de pele, caminhando, sempre sozinho pelas ruas da cidade italiana. Embora sempre de cabeça baixa e cara emburrada, "era um rapaz extremamente doce e de caráter invejável".

A obra que virou abertura

A obra O Guarani, baseada no livro homônimo de José de Alencar, até hoje tem o tema de abertura executado no Teatro Alla Scalla, em Milão, nos inícios de todos os espetáculos. No Brasil, a obra ficou conhecida quando foi escolhida para iniciar o programa de rádio "A Hora do Brasil".

Parte XI - Villa-Lobos


Notoriedade

Em 1919 participa na Argentina de um concerto de música de câmara brasileira, organizada pela Associação Wagneriana de Buenos Aires. Seu Quarteto de cordas n°2 fez tanto sucesso que garantiu ao maestro reconhecimento mundial. Mesmo com os aplausos gostava de dizer: "Considero minhas obras como cartas que escrevi à posteridade, sem esperar resposta".

Portas abertas

A casa de Villa-Lobos, tanto no Brasil quanto em Paris, era um ponto de encontro entre músicos e artistas. Tornaram-se famosas as reuniões e feijoadas que promovia. De acordo com estudiosos, ele era extremamente carismático e estava sempre de braços abertos para novas amizades. Apesar da fama, não chegou a ficar rico, e também nunca teve filhos.

Encanto latino

O nacionalismo e a descrição da beleza natural brasileira em suas composições encantaram a França. Tanto que o famoso musicólogo francês Henry Prunières declarou: "É a primeira vez na Europa que se assiste obras vindas da América do Sul; elas nos trazem a natureza, uma profusão de frutas, pássaros e flores..."

Rebelde sem causa

Em 1932, durante uma cerimônia na Universidade do Rio de Janeiro, anuncia seu programa cultural. No roteiro atacava os professores de música, criticava o futebol e as emissoras de rádio. Suas palavras geraram imensa polêmica, mas ganharam destaque e adeptos por todo o país.

Bagunça organizada

Villa-Lobos nunca foi um compositor organizado. Não conseguia se dedicar a um trabalho só. Estava sempre com novas idéias na cabeça e costumava compor nos mais diversos lugares; durante o banho, dentro de um ônibus, ou num parque barulhento. Não tinha regras e sempre recusou fazer revisões em suas peças. Gostava mesmo era de seus 'monstros' (rascunhos feitos em guardanapos de papel). Deles saiam suas partituras finais.

Part X - Brahms


Erro que perdurou

Em 1860, Brahms cometeu, talvez, o maior erro da carreira. Junto com o violinista Joseph Joachim e outros dois músicos, ele assinou um manifesto contra a escola neo-alemã e a "música do futuro" de Franz Liszt e Richard Wagner. Por isso, mesmo sendo contrário a criações de polêmicas, ficou conhecido como reacionário e conservador por um longo tempo. Este rótulo só foi "retirado" no século 20, devido ao famoso ensaio "Brahms, o Progressista", de Arnold Schoenberg, o pai do dodecafonismo. Ele tentou provar, por volta de 1930, que Brahms era inovador e até mesmo revolucionário.

Amor platônico?

Há indícios de que a pianista Clara Schumann, mulher do compositor Robert Schumann, e Brahms viviam um amor platônico.

Morte

A cerimônia de enterro de Brahms foi acompanhada por uma multidão de músicos de diversos países da Europa. No entanto, nenhum parente ou mulher esteve presente no funeral do compositor. A aparência do músico no leito de morte assemelhava-se com a de um personagem bíblico: as barbas eram brancas e enormes. O corpo de Brahms está enterrado no Cemitério Central de Viena, próximo aos túmulos de Beethoven e Schubert.

Parte IX - Grieg


Truque além da música

Aos 10 anos Edvard Grieg começou a freqüentar uma escola na região de Berger. Desde o início, demonstrava profunda antipatia pelas disciplinas da instituição --não gostava das regras, das obrigatoriedades e das lições repetitivas. Sempre procurava arranjar alguma desculpa para não ir ao colégio. Um dia, ele percebeu que os alunos que chegavam molhados pela chuva, freqüente principalmente durante o verão, eram dispensados das aulas. A partir desde momento, adotou uma prática: todo dia, no caminho de casa para a escola, ficava alguns minutos embaixo das goteiras das calhas para molhar as roupas. O truque deu certo por um longo período, e só foi descoberto quando ele apareceu todo encharcado diante do professor em um dia que não havia chovido.

Almas gêmeas

"Eu me apaixonei por uma garota que tinha uma voz maravilhosa e um grande talento para interpretação. Essa jovem tornou-se minha mulher e minha companheira de toda a vida. Além disso, para mim, eu tenho de admitir, ela é a genuina intérprete de minhas músicas". A declaração foi dada por Edvard Grieg a um de seus biógrafos, o norte-americano Henry Fincke, em 1900. A adoração do compositor por Nina Hagerup foi fonte de inspiração para todas as suas canções. De acordo com o biógrafo, para Grieg, mesmo não sendo a única fonte e a única intérprete, ela sempre influenciou, involuntariamente, na criação de suas composições. Como cantora-intérprete e esposa-companheira, Nina contribuiu para a evolução da obra de Grieg.

Destaque na Dinamarca

Durante o período que morou em Copenhague, Grieg se aproximou de diversos compositores reconhecidos, entre eles Niels W. Gade, que ocupava a posição do mais proeminente da Escandinávia. Depois de concluir sua única sonata para piano e sua primeira sonata para violino, Grieg mostrou as partituras para Gade dar seu parecer. As pessoas próximas a Gade diziam que quando ele ficava extremamente inspirado com alguma coisa, costumava beber muita água. Neste dia, o maestro esvaziou quatro garrafas enormes.

Mozart desde a escola

Além de não gostar da escola, Grieg nunca foi um bom aluno e tinha péssimas notas. Para ele, a descoberta da música estava acima de todos os outros aprendizados. Não foi à toa que foi apelidado de "Mosak" por seus colegas de classe. Em uma ocasião, durante uma aula, o professor perguntou à turma quem havia composto a obra Requiem. Imediatamente, Grieg respondeu: Mozart. Os outros alunos, que nunca tinham ouvido falar no compositor, estranharam o fato de Grieg saber responder a questão, já que nunca havia se manifestado em relação a nenhum outro assunto dentro da sala de aula. A partir de então, o garoto ficou conhecido por "Mosak", em alusão ao músico.

Grieg e o Brasil

Poucos sabem que Grieg contribuiu como fonte de inspiração para o desenvolvimento da música clássica brasileira. Alberto Nepomuceno (1864-1920), um dos mais importantes compositores brasileiros --considerado um dos mestres de Heitor Villa-Lobos-- conheceu o norueguês durante uma visita a Berger. O contato com Grieg influenciou fortemente o trabalho do brasileiro, despertando-o para a riqueza cultural do Brasil. A marca de Grieg na obra de Nepomuceno pode ser notada inclusive nas denominações de suas criações. Ambos compuseram "peças líricas" para piano. Outra semelhança aparece em Suíte antiga de Nepomuceno, que, como a Suíte de Holberg (Suíte em estilo antigo) de Grieg, foi inicialmente escrita para piano antes de ser orquestrada. Mas a mais importante característica adotada pelo brasileiro foi o uso do folclore e do idioma nacional em músicas e encenações.

Grieg e a cultura popular

A obra de Grieg não se limita apenas aos cenários eruditos. Muitas de suas composições, a maioria para a peça Peer Gynt, do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen, estão presentes em 57 produções cinematográficas, programas e séries televisão. Entre os filmes estão M, o vampiro de Dusseldorf (1931), com In the Hall of the Mountain King, e Baby (1995), com Lyric piece no. 28 (op. 47 no. 6). Além disso, "Morning Mood" é constantemente usada na programação da Warner Bros. Cartoons, já que os direitos da música foram adquiridos pela produtora.

Parte VIII - Bizet


Carmen no cinema

Poucas histórias foram tão filmadas quanto Carmen. Uma das primeiras adaptações da obra para as telas foi feita ainda nos tempos do cinema mudo, por Charles Chaplin (Charlie Chaplin's Burlesque on Carmen), em 1916. Assim como Chaplin, que transformou o trágico enredo original em uma comédia, nem sempre as adaptações seguiram a história ao pé da letra. Nos anos 80, o francês Jean-Luc Godard transformou a cigana Carmen em uma guerrilheira assaltante de bancos.

Bizet no celular

A obra de Bizet, considerada imoral em seu tempo, tornou-se hoje um dos temas mais freqüentes em aparelhos celulares em todo o mundo. A melodia de "Habanera" e de "Canção do Toureiro", ambas da Suíte n. 2 de Carmen, estão disponíveis em praticamente todos os modelos de aparelhos comercializados pelos principais fabricantes de telefones móveis do planeta.

Nietzsche, fã de Bizet

O filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900) era apaixonado pela obra de Georges Bizet, especialmente pela ópera Carmen. Ele dizia ter assistido a ela dezenas de vezes. "Assistir Carmen foi um verdadeiro acontecimento para mim", escreveu. "Essa ópera deixou-me uma impressão incomparavelmente trágica. Em relação a Tristão e Isolda e aos sentimentos rebuscados de Wagner, Bizet compôs a antiópera. Em Tristão, a morte pelo amor é falsa, enquanto o apaixonado Don José, ao apunhalar sua amada, é autêntico", observou.

O (mau) conselho de Liszt

Se dependesse da opinião de Franz Liszt, Georges Bizet nunca teria largado a carreira de pianista para se tornar, ele também, compositor. Quando morou na Itália, após ganhar o Grande Prêmio de Roma, Bizet foi orientado por Liszt a deixar suas composições de lado, até então pouco promissoras, para investir tudo na carreira de instrumentista.

Carmen virou até novela de TV

No Brasil, a história da cigana Carmen tranformou-se em novela de tevê, escrita por Glória Perez, em parceria com Leila Mícolis. Exibida pela extinta TV Manchete, em 1987, a novela trazia Lucélia Santos e José Wilker nos papéis principais. Concorrendo com as superproduções da TV Globo, Carmen não conseguiu arrebatar muita audiência, a não ser nos capítulos em que Lucélia Santos aparecia nua em cena.

Parte VII - Bernstein


Bom samaritano

Bernstein era considerado um humanitário. Participou ativamente de diversas campanhas promovidas pela Anistia Internacional. Entre alguns eventos importantes dos quais participou está a turnê "Jornada pela Paz", apresentada em Atenas e Hiroshima, em 1985, para homenagear as vítimas da bomba atômica.

Outro fato marcante aconteceu em 1989. Quando o muro de Berlim estava prestes a cair, Bernstein ofereceu um presente ao povo germânico, regendo uma orquestra em ambos os lados da Alemanha.

Póstuma homenagem

O músico criou, em 1987, a Fundação Felícia Montealegre Fellowship, entidade carente que patrocina cursos de teatro a alunos de baixa renda. Segundo Bernstein, esta foi a melhor maneira que encontrou de homenagear sua falecida esposa.

O grande vencedor

A carreira de Bernstein foi marcada por inúmeras premiações, títulos e homenagens. Ganhou por mais de 10 vezes o Grammy, recebeu medalhas de ouro da MacDowell Colony, da Beethoven Society, do Mahler Gesellschaft e também da Academia Americana de Artes e Letras. Além disso, o Governo de Nova York o prestigiou com a Handel Medallion, maior honraria concedida pela cidade àqueles que se dedicam à cultura. Em 1990, foi premiado com cerca de US$ 100 mil pela Japan Arts Association.

Mil facetas

Por diversas vezes, Bernstein regeu orquestras inteiras sentado em frente a um piano. Além de escolher o repertório, ensaiar e conduzir os músicos, atuava como solista nas apresentações.

Reconhecimento

Enquanto ocupou o cargo de Diretor Musical da Filarmônica de Nova York, ele registrou um número recorde de apresentações, tornando a orquestra mundialmente conhecida e popular. Renunciou em 1969, e foi agraciado com o título de Maestro Honorário Vitalício.

Parte VI - Berlioz


Música no plural

Ao contrário da grande maioria dos compositores, Berlioz não compôs concertos para instrumentos específicos - piano, violino, quarteto de cordas etc. Ele sempre se dedicou a compor para orquestras inteiras. Uma de suas frases mais célebres deixava clara esta sua preferência: "Dizem que sempre escrevi para 500 músicos. Não é verdade. Às vezes contento-me com 450".

Cinco tentativas

Quando jovem, Berlioz inscreveu-se cinco vezes no Grand Prêmio de Roma, que dava direito a uma bolsa de estudos musicais naquela cidade européia. Na primeira vez, em 1825, foi sumariamente desclassificado. Dois anos depois, 1827, participou com uma cantata, Orphée Déchiré par les Bacchantes, que foi considerada "inexecutável" pelos jurados. Em 1828, ficou com o segundo lugar. Em 1829, o prêmio foi cancelado. Finalmente, no ano seguinte, com A morte de Sardanapalo, ganhou o primeiro lugar e a bolsa de estudos em Roma.

Trocado por um milionário

Amor, decididamente, não era o forte de Berlioz. Antes de casar com sua primeira esposa, Harriet Smithson, ele ficou noivo de uma pianista brilhante, Camille Mokel. Depois da temporada de estudos na Itália, Berlioz voltou decidido a pedir a mão da moça em casamento. Mas, para sua surpresa, em sua ausência, a moça decidira casar com outro, um milionário fabricante de pianos.

Música e macarrão

Depois de sua temporada em Roma, Berlioz não teria os italianos em boa conta: "Para os italianos, a música é um prazer sensual e nada mais. Sentem por esta nobre expressão da mente o mesmo respeito que sentem pela arte da cozinha. Desejam uma partitura que, como um prato de macarrão, possa ser assimilada imediatamente, sem que se vejam obrigados a pensar muito no assunto, ou até mesmo a prestar atenção", escreveu.

Blim, blom

No último movimento de sua Sinfonia fantástica, Berlioz incluiu uma profusão de sons, para retratar uma espécie de orgia sobrenatural, em que uma legião de bruxas e fantasmas passam a atormentar o protagonista da história. Entre os sons, aparecem inclusive os badalos de vários sinos. Mais tarde, tal ousadia seria saudada como vanguardista. Para os contemporêneos de Berlioz, contudo, aquilo não passava de um atentado ao bom gosto.

Parte III - Bach


Leitura à luz da lua

Sempre interessado em aprender cada vez mais, Bach não poupava esforços para avançar seus conhecimentos. Conta-se que certa vez, antes de completar 13 anos, ele pediu um livro emprestado ao seu irmão mais velho, Johann Christoph. Como este lhe negou, habilmente o menino encontrou uma solução para resolver o problema. Assim, todas as noites após irem se deitar, ele pegava o livro de música e varava madrugadas estudando. Como não podia acender velas para não chamar a atenção do irmão, por muito tempo estudou tendo como única claridade a luz da lua. Esse costume de transcrever obras na escuridão, aliás, perdurou por toda sua vida. Um esforço que certamente contribuiu para a sua completa cegueira.

Caminhada de 200 milhas a pé

Embora nunca tenha feito viagens fora da Alemanha, o compositor alemão chegou a cometer verdadeiras loucuras para vivenciar a música de outros artistas. Sua fama já era grande quando, em Arnstadt, resolveu pedir uma licença de quatro semanas do trabalho. Para ouvir o grande organista Dietrich Buxtehude, ele andou 200 milhas a pé até chegar ao seu destino, Lubeck. O problema é que demorou quatro meses para voltar. Essa "excentricidade" custou-lhe o seu emprego.

Mestre sentimental

A profundidade da música religiosa de Bach é impressionante. E da mesma forma que compunha suas obras, ensinava seus discípulos a executá-las no coral da igreja. Tanto que um de seus alunos, Gottlieb Ziegler, comentou certa vez: "Quanto à maneira de tocar o coral, meu professor, o mestre de capela Bach, ensinou-me de tal forma que não me limito a tocar os corais simplesmente seguindo a música, mas inspirado no sentimento que indicam as palavras".

Trabalhei "duro"

Além de produzir uma obra de imensa variedade e extensão, o grande Bach ainda foi organista, cravista, violinista, regente, diretor de serviços musicais de igreja e professor de meninos. Quando lhe perguntavam o segredo de tanto talento, respondia sem hesitação ou rodeios: "Eu trabalhei duro..."

Anel de Reincken

Bach escreveu para órgão durante toda a sua vida, sendo como organista virtuose e improvisador genial que seus contemporâneos apreciaram sua arte. Consta que ao fim de um longo improviso sobre An Wasserflüssen Babylon, o velho Reincken - sabidamente um homem orgulhoso - passou-lhe o anel que usava no dedo, e disse em alemão: "Eu pensava que esta arte morreria comigo, mas vejo que ela sobreviverá no senhor". Improvisações que também curvaram duques, príncipes e reis como Frederico 2º em Potsdam.

Nas mãos de um charlatão

Nascidos no mesmo ano e considerados os compositores alemães mais famosos da época, Bach e Handel viveram uma infeliz coincidência. Nunca se conheceram pessoalmente, mas ambos tiveram um destino parecido: quase cegos, foram operados pelo mesmo médico, o inglês ambulante John Taylor. No entanto, as cirurgias de ambos não foram bem-sucedidas e, pelas mãos de um charlatão, eles ficaram completamente cegos. No caso de Bach, a cirurgia não apenas se revelou inútil como contribuiu para agravar o seu estado geral e provocar um segundo ataque de apoplexia, privando-lhe os sentidos e movimentos.

Sistema de numeração BWV

As peças de Johann Sebastian Bach estão catalogadas com os números BWV, sendo que BWV significa Bach Werke Verzeichnis (Lista das Obras de Bach). Compilado por Wolfgang Schmieder, o catálogo foi publicado em 1950. Uma variante desse sistema usa o S (de Schmieder) no lugar de BWV, para identificar o autor do sistema de numeração.

Parte II - Mahler


Só Freud explica

Sua busca pela genialidade no trabalho afetou seriamente seu casamento. O famoso psiquiatra Sigmund Freud fez um tratamento com o casal, mas nunca resolveu o problema. Segundo o médico, o grande culpado pelo relacionamento estar tumultuado era o próprio Mahler, que havia se tornado um maníaco compulsivo por perfeição.

Guerra e racismo

O fato de ser judeu e morar numa área tomada pela guerra o fazia se sentir deslocado. Diante disso, tornou- se célebre sua seguinte frase: “ Sou três vezes apátrida, como nativo da Boêmia na Áustria, como austríaco entre os alemães, e como judeu perante o mundo. Sou um intruso em todos os lugares, nunca bem recebido”.

Longas sinfonias

As sinfonias de Mahler são bastante complexas, tanto nas técnicas composicionais empregadas quanto na execução, tanto para os regentes quanto para os ouvintes. Além disso, elas são muito longas: poucas de suas obras cabem integralmente dentro de um único CD.

Fofoqueiros clássicos

Seu comprometimento com a arte fez com que sua carreira tomasse rumos invejados pelos colegas de profissão. Como responsável pela atividade musical de um dos principais centros culturais da Europa, era comum que se envolvesse em diversas intrigas.

Perfeccionista e insatisfeito

Pouco conhecido como compositor em vida, fez fama e fortuna regendo de forma brilhante grandes obras escritas por seus antecessores. Sua busca pela perfeição na regência era tanta que, muitas vezes, causava mal estar entre os músicos que o acompanhavam. Seus ensaios exaustivos lhe renderam a fama de excêntrico.

Parte II - Beethoven


De olhos bem abertos

Em 1825, já completamente surdo, Beethoven foi assistir a um ensaio fechado de um grupo que iria executar o seu Quarteto em mi bemol maior op. 127. Um dos violinistas, Joseph Böhm, registrou o episódio: "O infeliz estava tão surdo que não podia ouvir o som celestial das suas próprias composições". Para espanto de todos, porém, Beethoven chamou a atenção do grupo para os menores erros de execução. "Seus olhos seguiam os arcos, e assim ele era capaz de notar as menores flutuações no tempo ou no ritmo, e corrigi-las na hora", anotou Böhn.

A verdadeira fortuna de Beethoven

Conta-se que um dia Beethoven foi visitar o irmão mais novo, Johann, que a essa altura era um homem rico. Na entrada da mansão, um criado ofereceu-lhe, numa salva de prata, um cartão de visitas onde estava escrito: "Johann van Beethoven, proprietário de terras". O compositor pegou o cartão e, instantes depois, devolveu-o ao criado, após escrever no verso do papel a seguinte anotação: "Ludwig van Beethoven, proprietário de um cérebro".

O amor de Beethoven no cinema

Após a morte de Beethoven, foi encontrada em seus papéis particulares uma carta de amor, escrita a lápis, sem qualquer indicação sobre sua destinatária. "Meu anjo, meu tudo, meu eu…", dizia a carta, redigida em tom de lamento. "Esqueceu de que você não é inteiramente minha e de que eu não sou inteiramente seu? Oh, Deus!", gemia Beethoven. Até hoje os biógrafos discutem a identidade da musa secreta. A história rendeu um filme, Minha amada imortal (Immortal Beloved), de 1994, dirigido por Bernard Rose, com Gary Oldman na pele de Beethoven.

Péssimo pai

Quando Karl, irmão do compositor, morreu em 1815, Beethoven tomou para si a tarefa de criar o sobrinho, que tinha o mesmo nome do pai. Durante meses a fio, o músico travou nos tribunais uma batalha judicial para se tornar tutor da criança, retirando-a das mãos da mãe, a quem julgava uma mulher imoral. Finalmente, após obter ganho de causa, levou o menino para morar com ele. Mas Beethoven acabou revelando-se um tirano no papel de pai adotivo. Após tentar o suicídio, Karl engajou-se no exército austríaco e tratou de sumir da vida do compositor.

Fama eterna

A Nona sinfonia de Beethoven é, sem dúvida, uma das músicas mais conhecidas do mundo. Executada pela primeira vez em 1824, ela já foi incluída na trilha sonora de vários filmes, inclusive no controvertido Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick. Outra composição muito famosa de Beethoven é a Quinta sinfonia. Nos anos 70, a obra ganhou uma versão eletrônica que virou hit nas discotecas da época. No mundo da propaganda, a Quinta (a do "tchan, tchan, tchan, tchan") já foi usada até para vender aparelhos de barbear.

Parte I - Música Popular

A CANÇÃO MAIS ANTIGA
Canção Assíria, notada com letra e música, datada de 1800 AC.

A CANÇÃO GRAVADA MAIS ANTIGA
'Au Clair de La Lune' de Pierrot Répondit gravada em 1860.

O HINO NACIONAL MAIS ANTIGO
Kimigayo, do Japão, do século IX.

O MAIOR PIANO
Fabricado por Chas H. Challen & sons LTDA na Inglaterra, pesando 1,25 toneladas e medindo 3,55m de comprimento.

A BANDA DE UM MUSICO SÓ
Rory Blackwell, que tocou 108 instrumentos simultaneamente em uma única apresentação.

O PÚBLICO RECORD EM MÚSICA ERUDITA
800.000 pessoas no Central Park em Nova York, dia 5/07/1986, assistindo a filarmônica de Nova York.

O MAIOR CACHÊ
Um bilhão de dólares de cachê mais 890 milhões pela assinatura de contrato de Michael Jackson com a Sony Music.

O INGRESSO MAIS CARO
Cobrado pela apresentação de Johan Jenny Maria Lend (1820-1887), custando US$ 653; US$ 10.500 em valores atualizados em 1996.

O COMPOSITOR QUE TEVE MAIS FILHOS
Johann Sebastian Bach, 24 filhos.

A PRIMEIRA GRAVAÇÃO ELÉTRICA NO BRASIL
A primeira gravação elétrica no Brasil foi em 1927, feita na gravadora Odeon por Francisco Alves.


A DÉCIMA-SEGUNDA MÚSICA MAIS TOCADA NO MUNDO DOS ÚLTIMOS CINQÜENTA ANOS
Garota de Ipanema
"DEIXA ISSO PRA LÁ”
É a música que lançou Jair Rodrigues para o sucesso e foi recusado por Simonal que não gostava de samba.


O PRIMEIRO BRASILEIRO A GRAVAR NA EUROPA
Foi Josué de Barros, o descobridor de Carmem Miranda, na Alemanha, solo de violão.


ALGUNS COMPOSITORES QUE TAMBÉM ERAM MÉDICOS:
Max Nunes (Bandeira Branca), Joubert de Carvalho (Taí, Maringá), Alberto Ribeiro (Copacabana, Chiquita Bacana), Dalto (Muito Estranho), Aldyr Blanc (O bêbado e o equilibrista).


O GRUPO QUE SE APRESENTOU 294 NO CAVERN CLUB EM 3 ANOS:
Os Beatles fizeram 294 apresentações entre dezembro de 1960 e agosto de 1963.


OS PRIMEIROS A FAZER VIDEO CLIPS DE SUAS MÚSICAS:
Os Beatles estavam cansados de tocar diversas vezes em programas de TV, então decidiram gravar as músicas em vídeo e distribuir para as TVs. Os 2 primeiros clips foram: Paperback Writer e Rain. George Harrison disse na série Anthology: "De certa forma, inventamos a MTV."


O PRIMEIRO DISCO NO MUNDO A VIR COM UM ENCARTE COM FOTOS E LETRAS DAS MÚSICAS

O disco Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band dos Beatles


CANTORA COM MAIS DISCOS NO 1ºLUGAR NO REINO UNIDO
Madonna atingiu a marca de nove discos-solos no 1º lugar em 26/11/2005 quando Confessions on a Dance Floor chegou ao topo da parada britânica.


A CARREIRA MAIS LONGA NAS PARADAS DE R&B NOS EUA
Ray Charles falecido em 2004, começou sua carreira como líder do Maxine Trio com o single 'Confession Blues' em abril de 1949. Seu último disco Ray Sings, Basie Swings foi lançado em 21/10/2006.


MAIOR TAXA DE VENDA DE MÚSICAS POR DOWNLOAD (PAÍS)
A Coréia do Sul se tornou em julho de 2006, o primeiro país a relatar que os downloads represenatavam mais de 50% de suas vendas fonográficas totais.


SINGLE MAIS VENDIDO POR DOWNLOAD NOS EUA
Os downloads de 'Hollaback Girl' de Gwen Stefani (EUA) passaram de 1 milhão em 3/10/2005. Na semana de seu lançamento, concluída em 7/5/2005 foram vendidas 58.500 cópias.


DOWNLOAD DE VENDAGEM MAIS RÁPIDA EM UMA SEMANA NOS EUA
O single 'Laffy Taffy', do D4L, teve o download de mais rápida vendagem nos EUA. Em seu ápice, 175 mil downloads foram vendidos em uma semana. Até 17/2/2006 o número total de downloads vendidos foi de quase 780 mil.


MAIS DOWNLOADS DE MÚSICAS EM UM ANO
Estima-se que 240 milhões de faixas de música foram legitimamente baixadas em todo o mundo em 2005 (com um valor de mais de US$ 1,1 bilhão). Esse número foi 20 vezes maior que do ano anterior.


MAIS VENDAS DE DOWNLOAD EM UMA SEMANA NOS EUA
Na semana que terminou no dia 30/12/2006, um recorde de 30,1 milhões de downloads foi vendido nos EUA. Esse total incluía mais de 1 milhão de discos – a primeira vez na história em que os discos chegaram a ultrapassar essa marca em uma semana.


DISCOS VIRTUAIS
O recorde de downloads de músicas de uma empresa é do Itunes, que em fevereiro de 2006 se tornou a primeira a ter vendido 1 bilhão de faixas por download, marca alcançada em apenas três anos. O bilionésimo download foi de 'Speed of Sound', do Coldplay.


O RECORDE DE ÁLBUNS VENDIDOS EM UMA SEMANA NO RU
Na semana que terminou em 24/12/2005, os discos vendidos no Reino Unido totalizaram 10.581.571.


MÚSICO BRITÂNICO COM MAIS ALBUMS A ALCANÇAR O 1º LUGAR NO REINO UNIDO
O músico britânico com álbuns mais bem sucedidos é Robbie Williams. Quando seu disco Rudebox chegou ao topo da parada do Reino Unido, em 4/11/2006, ele se tornou o artista-solo a alcançar por oito vezes o 1º lugar – igualando o recorde de David Bowie (RU). Diferentemente de Bowie, Williams também foi ao 1º lugar como membro do grupo Take That.


DOWNLOAD DE SINGLE MAIS VENDIDOS EM UMA SEMANA NOS EUA
'Fergalicious' de Fergie (EUA), vendeu 295 mil faixas na semana que terminou em 30/12/2006, tornando-se o download mais vendido nos EUA em uma semana.


DOWNLOAD DE SINGLE MAIS VENDIDO NO RU
Baixado 418.250 vezes até 6/3/2007, o single mais vendido foi 'Crazy' de Gnarls Barkey (EUA).


MAIOR ARRECADAÇÃO
Os Rolling Stones retomaram a coroa de maior arrecadação quando sua turnê de 2006 A Bigger Band faturou US$ 437 milhões.


RECORDE DE MAIOR ARRECADAÇÃO EM UMA TURNÊ POR UMA CANTORA
Quebrando o recorde de maior arrecadação em uma turnê por uma cantora, Madonna (EUA) com 60 apresentações em sua turnê de 2006 – que já havia sido assistida por 1,2 milhões de fãs, o que representa quase US$ 3,2 milhões por show.


SHOW A MAIOR ALTITUDE
Apenas algumas semanas pós a banda Jamiroquai (RU) apresentar-se num avião a 11.277m de altitude, no dia 27/02/2007, estabelecendo o recorde de show a maior altitude, o norueguês Magnet (também conhecido como Even Johansen) roubou a cena dos rivais ingleses com uma apresentação a 12.192 km, num vôo de Oslo, Noruega, a Reykjavik, Islândia, para comemorar o lançamento de seu novo álbum, The Simple Life.


SHOW A MAIOR PROFUNDIDADE
No dia 1 de dezembro de 2006, Katie Melua (RU) e banda – Henry Spinitti, Jim Watson, Tim Harries, Denzil Daniels e Stephen Croxford – fizeram um show a 303m de profundidade, numa perna da plataforma de gás Troll A, da Statoil, na costa de Bergen, Noruega. Foram dois shows de 30 minutos para 20 trabalhadores da plataforma.


O ÁLBUM MAIS VENDIDO ATÉ HOJE NO REINO UNIDO
Greatest Hits da banda Queen com 5,41 milhões de cópias.


O CLÁSSICO MAIS VENDIDO DISPONÍVEL COMO TOQUE DE CELULAR
'Sweet Home Alabama' do Lynyrd Skynyrd (EUA) é o clássico mais vendido disponível como toque de celular com vendas de 1,2 milhões até o fim de 2006.


O MAIS VELHO ARTISTA A LANÇAR UM DISCO
O músico Australiano Smoky Dawson (19/3/1919) é o mais velho artista a lançar um disco. Aos 92 anos e 156 dias de idade ele lançou Homestead of my Dreams em 22/8/2005.


ARTISTA MAIS VELHO A CHEGAR AO TOP 20 DA PARADA BRITÂNICA
Em novembro de 2006 Tony Bennett (3/8/1926) tornou-se o artista mais velho a chegar ao top 20 da parada britânica de discos com Duets: Na American Classic


O ARTISTA MAIS VELHO A CHEGAR AO TOPO COM UM DISCO INÉDITO
Foi Bob Dylan (EUA). Ele tinha 65 anos e 105 dias quando Modern Times chegou ao topo da Billboard 200 em 6/9/2006.


APLAUSO DURANTE 1 HORA E 20 MINUTOS
Em 1991, Placido Domingo foi aplaudido durante 1 hora e 20 minutos após a apresentação de Otello.


A MAIOR PLATEIA MUNDIAL DO ROCK
O publico extimado em 3,5 milhões de pessoas, que esteve presente ao concerto gratuito de Rod Stewart no Rio de Janeiro, na véspera do Ano-novo de 1988.




Quando Patativa do Assaré, grande poeta cearense da literatura de cordel, escreveu o poema de cordel A Triste Partida contando a saga do nordestino que deixa sua terra natal para tentar a sorte nos estados do sul e sudeste, nem de longe imaginava que seus versos iriam se tornar um dos maiores sucessos da canção nordestina, eternizada na voz do Rei do Baião Luiz Gonzaga. Esta canção foi a primeira da MPB a superar a barreira dos 8 minutos de duração.


Ao desistir de sair para trabalhar por causa da chuva, Ary Barroso sentou-se ao piano em sua casa do Leme no Rio de Janeiro e, palavras suas: "Senti, então, iluminar-me uma idéia: a de libertar o samba das tragédias da vida, do sensualismo das paixões incompreendidas, do cenário sensual já tão explorado. Fui sentindo toda a grandeza, o valor, a opulência da nossa terra, gigante pela própria natureza". Nascia então Aquarela do Brasil, reconhecida internacionalmente como uma das mais belas canções brasileiras. Até Walt Disney a inseriu em seus filmes (Veja o vídeo). Se não estivesse chovendo naquele dia, jamais Aquarela existiria.





Em 1974, Toquinho e Vinícius, eternos parceiros, compuseram juntos Uma rosa em minha mão para a novela Fogo sobre terra. Gravação de Marilia Barbosa no disco, tema da personagem Brisa (Sonia Braga). Sucesso nenhum. Anos depois, Toquinho regravaria novamente a canção com um pequeno detalhe: Retiraria a letra de Vinicius e colocaria outra rebatizando a canção de Aquarela. Que sucesso! Será que o problema era a letra do poeta Vinícius de Moraes?


A maioria dos hinos dos grandes clubes brasileiros foi composta por Lamartine Babo. Mas seu maior sucesso, Serra da Boa Esperança, foi composta em homenagem a uma mulher da cidade de Dores de Boa Esperança em MG com a qual ele se correspondia por carta durante um ano sem saber que tratava-se de uma menina, Nair, filha de seu dentista que pegara seu endereço no arquivo do pai e escrevia cartas para ele como se fosse uma adulta apaixonada.


Em 1963 uma canção japonesa fazia muito sucesso no Brasil: Sukiyaki. Ela era interpretada pelo japonês Kyo Sakamoto em sua própria lingua. O sucesso no Brasil foi tão grande que ela ganhou uma versão em português na interpretação do Trio Esperança. Nenhuma outra canção na língua nipônica fez parte das paradas de sucesso do Brasil até hoje.

"Eu sei sofrer", a derradeira obra de um gênio moribundo
Ao contrário do que muitos pensam, não foi a canção Último Desejo a derradeira obra do poeta Noel Rosa, mas sim a canção "Eu sei sofrer" uma espécie de desabafo ao saber que, tuberculoso com apenas 26 anos, tinha poucos dias de vida.

No dia 8 de dezembro de 1980 o mundo ficou chocado pelo assassinato do criador dos Beatles John Lennon por um fã, na porta de sua casa em New York. Elton John ao visitar o local onde ele foi assassinado, reparou que o jardim em frente à sua casa estava vazio, sem plantas ou flôres, todas mortas. Desta visão, em parceria com Bernie Taupin, ele compôs e gravou em 1982 o hit Empt Garden em sua homenagem.




Depois de ter tido um disco inteiro vetado pelos censores, o meu conterrâneo, o pernambucano Paulo Diniz só encontrou uma solução para poder gravar um disco: pegar um poema já pronto, publicado e consequentemente aprovado pela censura e musicá-lo. Fez isto com E Agora José de Carlos Drumond de Andrade. Que sucesso!


Quando Chico Buarque enviou em 1970 a canção Apesar de Você para a censura, tinha certeza que ela não passaria. Mas passou e foi o lado A do compacto simples que tinha no lado B Desalento. 100 mil cópias vendidas, música na boca do povo e um jornal insinua que a canção era uma homenagem ao Presidente Médici (E os censores não perceberam nada!). Imediatamente todos os compactos foram recolhidos, a gravadora invadida e todas as cópias do disco destruídas.


Em 1972 numa noite solitária num quarto de hotel durante um show, Richard assistia ao comercial de um banco. Ao ouvir o jingle do comercial, ligou imediatamente para a TV, pegou informações sobre o jingle e no dia seguinte entrou em contato com o produtor. Deste jingle nasceu o segundo grande sucesso da carreira da dupla (o 1º foi Close to you em 1970): A canção We've Only Just Begun (1972)


Normalmente os poetas fazem canções para homenagear suas cidades. Com a cidade de Maringá no Paraná aconteceu o contrário. A cidade recebeu este nome em homenagem à canção Maringá de Joubert de Carvalho. O fato ocorreu em 1947, quando Elizabeth Thomas, esposa do presidente da Companhia de Melhoramentos do Norte do Paraná, sugeriu que esta canção que ela gostava tanto desse nome a uma cidade recém-construída pela empresa, e que em breve se tornaria uma das mais prósperas do estado.


Quando Lupicínio Rodrigues foi procurado por seu empregado, um jovem de 19 anos para lhe dizer que sua companheira Mercedes o havia assediado, ele não pensou duas vezes e a expulsou de casa. Meses depois chegou ao seu conhecimento que ela estava entregue ao vício pelos bares. Com a inspiração do fato, ele então compôs aquela que seria um de seus maiores sucessos: Vingança. Na voz de Linda Batista foi o 1º lugar absoluto de 1951.


Quando Isolda num restaurante, enquanto aguardava a chegada do prato pedido, propôs uma brincadeira com duas amigas onde cada uma deveria escrever no guardanapo um verso de amor para um namorado, não imaginava que estava criando um dos maiores sucessos de sua carreira de autora: Os versos que ela escreveu foram "Das lembranças que eu trago da vida você é a saudade que eu gosto de ter" pensando no irmão Milton Carlos que havia falecido num acidente de automóvel.

Nada assusta mais um artista do que a vaia. Cada um lida com ela à sua própria maneira. O Rei Roberto Carlos recebeu a sua do público presente na final do Festival da Canção de 67 que ficou insatisfeito com o resultado no dia 21/10/1967. Mas ele lidou bem com ela até brincando com a câmera.Já Caetano Veloso, no festival de 1968 não conseguiu chegar nem no meio da canção "É proibido proibir" diante de tantas vaias. Caetano então perdeu a paciência e fez um discurso anti-ditadura. Momento memorável.

Todas as vezes que Jerry Adriani se encontra com Erasmo Carlos, não perde a oportunidade de dizer: "Pô, bicho! Você esqueceu do meu nome na tua festa!". Realmente, na Festa de Arromba do Erasmo não estava o Jerry Adriani. Mas a cobrança é apenas brincadeira de amigos.


Quando Alberto Luiz compôs "Balada Nº 7", a idéia era homenagear o jogador Ipojucan do Palmeiras. Só que quando Moacyr a ouviu, na mesma hora falou: "Alberto, esta canção é a cara do Garrincha!". Pra concretizar o destino definitivo da canção, ao ser executada pelo Apolinho (Washington Rodrigues) na Rádio Globo, ele a chamou de "Melô do Garrincha". Pronto! Ipojucan havia perdido a sua homenagem definitivamente. Todo mundo passou a se referir à canção como a "Melô do Garrincha".


Quando Belchior foi até a casa de Antonio Marcos mostrar "Todo sujo de batom" para ele gravar, antes mostrou "Paralelas", mas ele não gostou. Da cozinha onde estava, Vanusa ouviu Belchior passando a canção ao violão e disse: O Tuninho não gostou, mas eu gostei. Quero gravar!" Que sexto sentido da loiraça!


Aos 18 anos, jogando pelo CSA de Alagoas como meia-armador, Djavan resolveu largar o futebol e se dedicar inteiramente à música. Se tivesse continuado, hoje já teria encerrado a carreira e nós jamais poderíamos assistir a esta performance ao lado.

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♫ ♫ Educação Musical ♫ ♫

♫ ♫ Educação Musical ♫ ♫
Educação Musical é a educação que oportuniza ao indivíduo o acesso à música enquanto arte, linguagem e conhecimento. A educação musical, assim como a educação geral e plena do indivíduo, acontece assistematicamente na sociedade, por meio, principalmente, da industria cultural e do folclore e sistematicamente na escola ou em outras instituições de ensino.