A terceira paixão de Strauss
A maior paixão de Richard Strauss -depois da música e da família-- era os jogos de carta. Quando não estava compondo, dedicava-se ao Skat, o preferido do compositor. Depois de aprendê-lo, em 1890, nunca mais o largou. Tornou-se um vício. "As pessoas me criticam porque eu gosto muito de jogar Skat. Mas eu posso assegurar que é a única hora que eu não estou trabalhando", afirmou o músico a um amigo. Strauss é lembrado como um brilhante, criativo e habilidoso jogador. Mesmo contrariando as vontades da esposa --Pauline desaprovava o amor do marido pela atividade--, o Skat foi tão importante na vida do músico que ele chegou a retratá-lo em uma das cenas mais interessantes da obra Intermezzo, uma comédia autobiográfica.
Briga com o Nazismo
Durante um dos períodos mais difíceis da história da Alemanha --o Nazismo-- Strauss teve como um de seus parceiros o libretista judeu Stefan Zweig. Antes de estrear a ópera A mulher silenciosa, uma adaptação da comédia de Ben Jonson, em 1935, Joseph Goebbels, então ministro da Propaganda, ordenou que o nome do libretista fosse riscado do programa e do cartaz diante do teatro. Muito nervoso, Strauss ameaçou cancelar a estréia, esperada por espectadores de todos os cantos da Europa. O prestígio internacional do compositor era tanto que o governo cedeu. Goebbels permitiu a estréia da ópera, mas, pouco depois, a retirou de cartaz. Zweig continuou a colaborar com o compositor, mas às escondidas. A partir desde momento, Strauss comprou briga com o governo Nazista. Ele foi demitido do cargo que ocupava no Ministério da Música e proibido de reger, por um longo tempo, na Alemanha e na Áustria.
Fantasma?
Logo depois da Segunda Guerra Mundial, Strauss ficou extremamente doente e muito amargurado pelo desmantelamento da Alemanha e pelos sucessivos bombardeios dos quatro grandes teatros que tinham assistido ao nascimento de suas obras (Berlim, Munique, Dresden e Viena). Por conta disso, isolou-se cada vez mais dos centros urbanos e dos palcos. Quando foi para Londres, em 1947, para reger um festival de obras próprias, os espectadores ficaram espantados: todos achavam que ele tinha morrido.
Protestos e aplausos para Salomé
Uma das mais famosas óperas de Strauss, Salomé, baseada na obra do literato Oscar Wilde, desencadeou uma série de protestos na Alemanha, logo na estréia, em 1905. Devido ao teor erótico que permeava a peça, vários teatros alemães fecharam as portas para o compositor. O cenário mostra um palácio real oriental dos tempos de Jesus Cristo. Salomé, a filha do rei Herodes, apaixona-se por João Batista, que a desdém. Herodes nutria uma intensa atração pela filha, e a obriga a dançar a "dança dos sete véus". Em troca, ela pede a cabeça de João Batista. O rei cede ao pedido. Com a cabeça decepada do amado nas mãos, Salomé trava um longo, louco e desesperado diálogo e beija os lábios ensangüentados de João Batista. Os críticos conservadores ficaram chocados com o espetáculo. A soprano Marie Wittich recusou o papel de Salomé, alegando ser uma "mulher honrada". No entanto, o público, entusiasmado, aplaudiu a obra, fazendo com que os cantores e atores voltassem 36 vezes ao palco.
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