"Um pouco sobre minhas próprias composições para orquestra sinfônica"
A força motriz para o personagem dessa obra vem, principalmente, das histórias ouvidas de minha mãe sobre meu avô materno. Nordestino forte e com força de superação incrível. E também, após começar a trabalhar com pesquisa em música nordestina na Universidade Estadual do Ceará - UECE. O aprofundamento nas obras do gênio Luiz Gonzaga, é a influência musical maior para poder retratar uma história de ficção, mas, embasada em toda a densidade lírica/musical que O Rei do Baião cantou.
1° Movimento - Preces ao Céu Matutino
O sertanejo Manuel, acorda de madrugada ajoelha-se diante a imagem de padre Cícero e faz suas preces para que seu dia na lavoura seja agraciado com a chuva, que tarda a chegar em Russas, interior do Ceará, nos anos 20 do século passado. Apaga a lamparina e beija cada um de seus 4 filhos, dentre eles o filho mais novo que sofre de raquitísmo. A música é marcado com um canto coral em mixolídio acompanhado de flautas pífaro.
2º Movimento - O Espírito Nordestino
Mesmo com um sol escaldante e o trabalho pesado na lavoura de algodão, Manuel trabalha com esperanças de dias melhores. Seu dia é encerrado com um beijo no terço sagrado que ele leva em seu bolso e pelo sinal da santa cruz em frente à paróquia, próxima de sua casa. A música segue em rítmo forte com variação de fraseado típico da música nordestina popular e termina com o soar dos sinos da igreja reproduzindo o mesmo fraseado dos violinos em adágio.
3º Movimento - A noite na Praça
Manuel aproveita para se distrair com seus filhos na praça da cidade naquela noite. Vendo a banda de música entoar alguns dobrados e versões de música de Luiz Gonzaga. Fica admirado com o som dos clarinetes e flautas. A música segue com ênfase às frases musicais comuns a bandas de música militares e juvenis. Com certas dissonâncias, causadas pela falta de perícia de seus músicos, mas, que tornam o ambiente o mais nordestino possível.
4° Movimento - A Procissão
O filho de Manuel não resite e falece naquela mesma noite na praça. Não sem antes dizer que amava seu pai. O velório é marcado por uma procissão que marca o ritual fúnebre do filho de Manuel. O corpo do menino segue o caminho ao cemitério dentro de uma rede presa a um pau de carnaúba. Tendo Manuel à frente a carregar sua dor e seguido por seus três filhos restantes. Todos são acompanhados por olhares curiosos de pessoas sentadas em suas cadeiras nas calçadas. O sino da igreja marca o pulso do caminhar da procissão. A música segue com um coro de tenores, contra-altos e sopranos, acompanhados de cordas com desfecho da flauta em fraseado típico do cancioneiro nordestino. O fraseado é contínuo, simples e profunda.
5º Movimento - Preces Atendidas
No dia seguinte, como um forte nordestino deve ser, Manuel realiza seu velho ritual. Mesmo abatido levanta-se, ora, beija agora seus três filhos e vai à lavoura. Durante todo o dia Manuel canta para seus santos com mais fé do que nunca. Faz para si mesmo a promessa que nenhum filho seu morrerá mais de fome. O sol é encoberto por nuvens cinzas e a água vem ao chão. Uma nova vida está prestes a começar... A música segue lentamente, como Manuel ao começar seus dias, e vai criando força a medida que Manuel recupera sua fé. Fechando em alegro grandioso com todo a orquestra: violinos, violoncellos, clarinetes, flautas, oboé, trompetes, trompas, trombones e percussão executam o tema principal ao mesmo tempo de forma viva e alegre.
♪ Regente ♪ Músico Multi-Instrumentista e Vocalista ♪ Arranjador ♪ Compositor ♪
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domingo, 25 de abril de 2010
Sinfonia nº 2 - Vozes Nordestinas - Composição: Roberto Holanda
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