♫ ♫ Tradutores ♫ ♫

English French German Spain Italian Dutch
Russian Portuguese Japanese Korean Arabic Chinese Simplified
By Ferramentas Blog

♫ ♫ Pesquise ♫ ♫

sábado, 24 de abril de 2010

Arco - II

2. Aspectos básicos do arco e sua relação com o instrumento
A mão direita do instrumentista de cordas concentra grande parte dos problemas na
execução do repertório orquestral. O arco é a principal ferramenta de trabalho na obtenção da
sonoridade. É quase como um segundo instrumento, como diriam alguns. O conhecimento dos
processos envolvidos na produção do som deve ser objeto de atenção e estudo por parte dos
regentes de orquestras. Em sua formação acadêmica o estudo de um instrumento do naipe das
cordas, até o nível de ingressar em uma orquestra, é de fundamental importância para o regente.
Com isso ele poderá desenvolver um trabalho mais eficiente orientando corretamente esse grupo
que é considerado a “alma da orquestra”.
Salles (1998) afirma que “marcações de arcadas devem ser feitas exclusivamente pelo
intérprete e/ou spalla. Maestros não devem impor arbitrariamente suas próprias arcadas á
orquestra”. Essa concepção ilustra bem o papel do spalla em uma orquestra. Ele deve conhecer as
capacidades e as limitações do seu naipe, além de possuir notável preparo técnico e liderança. Em
uma orquestra profissional, a marcação de arcos bem como a definição do golpe de arco a ser usado
não deve ser objeto de preocupação por parte do regente. Ele deve comunicar suas intenções
musicais, a sonoridade desejada. Cabe ao spalla interpretar tecnicamente a intenção e tomar
decisões junto aos chefes de naipe das cordas. Mas em muitas situações as orquestras juvenis não
contam com spallas e chefes de naipe com capacidades para tomar essas decisões, ou nelas não
existe consenso, resultando em problemas no momento da performance. Cremos que, nesses casos a
interferência sábia do maestro poderia ser benéfica para o grupo. Com sua liderança, com amplo
conhecimento das intenções musicais da partitura e domínio sobre os aspectos técnicos dos instrumentos, ele poderia instruir corretamente a orquestra, sendo seu argumento fator determinante
na tomada de decisões. Esses aspectos técnicos serão analisados a seguir.
2.1 O Conceito de Arcada
Salles (1998) define arcada como o “ato de ir e vir, a direção do movimento do arco. Pode
ser para cima, ou seja, começando o movimento na ponta em direção ao talão e indicado com o
sinal , ou para baixo, do talão à ponta, indicado com o sinal ”. Já Dourado (1999) argumenta que
arcada “diz respeito ao conjunto de sinais gráficos, como ligaduras de arco, pontos e sinais de
direção que, combinados, representam a maneira de se executar determinado trecho musical”. Salles
(1998) argumenta ainda que uma orquestra, na prática, marcar arcada significa definir se cada nota
é executada para cima, para baixo, ou ligada. Para efeitos práticos, nesse trabalho adotaremos o
conceito de arcada de acordo com esta última concepção.
Em grande parte do repertório os compositores indicam as frases musicais através de
ligaduras, em muitos casos, longas. Essas ligaduras de frase não devem ser confundidas com
arcadas. Para definir a quantidade de notas executadas num movimento do arco, bem como o
movimento inicial (para cima , ou para baixo ) é necessário levar em conta algumas
considerações tais como estilo, andamento, dinâmica e intensidade do som, número de
instrumentistas por parte, além do nível dos executantes. É necessário também levar em
consideração as especificidades do arco de cada instrumento que compõem o naipe. Por exemplo: a
quantidade de arco gasta em um determinado trecho musical é muito maior no contrabaixo em
relação ao violino. A espessura das cordas do contrabaixo requer mais peso e pressão para a
produção do som, consequentemente, há um maior dispêndio do arco.
Uma passagem musical, em andamento lento com intensidade fortíssima exigirá maior
troca da direção do arco ( , ) que uma passagem em andamento mais rápido com intensidade em
piano. Da mesma forma, notas sustentadas exigirão mais trocas da direção de arco em uma
orquestra menos experiente, do que em uma mais experiente, devido ao menor ou maior controle do
arco por parte dos executantes. Há que se considerar também em relação à dinâmica que uma
arcada começando do talão em direção à ponta produzirá um efeito de crescendo, e que o inverso
provocará um decrescendo. Na verdade um bom músico precisa ser capaz de efetuar crescendos e
decrescendos em ambas as direções. Por fim, salientamos o procedimento que vem sendo praticado
há séculos: arcada para baixo no primeiro tempo do compasso, arco para cima nos tempos fracos e
nas anacruses.
2.2 Peso do arco e peso do braço:
uma questão de equilíbrio
Outro fator importante que influencia na obtenção da sonoridade diz respeito ao peso do
arco e do braço. Eles influenciam principalmente na intensidade do som. Uma nota que começa no
talão é sensivelmente mais intensa e “pesada” que uma nota que começa na ponta do arco. Isso
ocorre devido à lei da gravidade e ao fato de que o peso do arco e do braço é muito maior no talão.
Dessa forma, para sustentar uma nota sem alteração de intensidade usando toda região do arco é
necessário equilibrar o peso do arco com o peso do arco. Esse equilíbrio do peso do arco nos
violinos e violas é exercido pelos dedos indicador e mínimo. Sendo assim, para se conseguir uma
nota com intensidade forte começando no talão, sem o decrescendo natural do arco para baixo, é
essencial um incremento da força exercida pelos dedos e pelo braço sobre o arco, à medida que este
se aproxima da ponta. Ao contrário, uma nota em intensidade piano começando na ponta sem o
natural crescendo, é indispensável diminuir a pressão dos dedos e o peso do braço sobre o arco, à
medida que esse se aproxima do talão. Isso é o que ocorre naturalmente, mas, em algumas
situações, determinados trechos musicais necessitam que sejam executados contrariando a ordem
“natural” expressa acima. Os instrumentistas precisam, então, se empenhar em conseguir igualar os
efeitos sonoros conseguidos no talão e na ponta, através do equilíbrio entre o peso do arco e do
braço.
2.3 Velocidade e peso
A velocidade do arco e o peso empregado no momento da execução exercem um papel
preponderante na qualidade sonora das cordas. Esses dois aspectos, de forma combinada,
influenciam na articulação, dinâmica e intensidade sonora, na obtenção de efeitos especiais e na
escolha do golpe de arco a ser utilizado.
Articulação: a velocidade do arco é menor no legato e maior nos diferentes tipos de
stacatto (quanto mais curta a nota maior a velocidade). Isso não é uma regra, pois a situação pode se
inverter dependendo do contexto musical. O peso do próprio arco e o controle desse peso exercido
pelo braço são fatores decisivos nos diversos golpes de arco (estilo).
Dinâmica: a velocidade do arco, bem como a pressão exercida sobre ela “dita” as diversas
matizes de intensidade e dinâmica sonora. Quanto mais forte for uma nota, maior a velocidade e
peso. Para o crescendo é necessário um aumento gradual da velocidade e do peso, e no decrescendo
faz-se o oposto. Para os efeitos de , e , a velocidade e o peso diminuem de forma
abrupta.
Efeitos sonoros: na obtenção de um som flautado e de harmônicos, a velocidade do arco é
sensivelmente rápida, porém sua pressão sobre a corda é mínima.
2.4 Ponto de Contato
O ponto de contato diz respeito ao quadrante do instrumento: o espaço compreendido entre
a ponte (cavalete) e o início do espelho. É dentro desse espaço que o arco entra em contato com as
cordas. È decisivo em relação à cor sonora e, principalmente, na intensidade do som. Quanto mais
próximo do cavalete for o contato do arco com as cordas mais som se obterá. Pode se realizar um
crescendo mudando gradativamente o ponto de contato em direção ao cavalete. Tocando mais
próximo do espelho, se obterá uma sonoridade menor, mais velada. Obtêm-se também efeitos
especiais, principalmente de mudança da cor sonora, mudando o local do contato tais como sulla
tastiera (arco posicionado sobre o espelho) e sul ponticello (arco posicionado bem próximo ao
cavalete). O primeiro produz um timbre mais doce e suave, ao passo que o segundo produz um som
fino, anasalado.
Entende-se também por ponto de contato a região do arco que toca a corda no momento da
execução. O arco poderá, para efeito de estudo, se dividir em duas, três ou mais partes. Para
simplificar a instrução no momento do ensaio normalmente se refere à divisão em duas ou três
partes do arco em expressões como: metade superior, metade inferior, meio, ponta, talão, etc. A
região a ser utilizada influencia na sonoridade e é determinante para a execução dos vários golpes
de arco.
Em um naipe de cordas é importante que exista uma uniformidade em relação a essas
regiões. Certa margem de variação é aceitável, em que pesem as configurações físicas do arco
como: tamanho, qualidade e peso da madeira, ponto de equilíbrio, etc.

Nenhum comentário:

♫ ♫ Compartilhe ♫ ♫

Bookmark and Share

♫ ♫ Educação Musical ♫ ♫

♫ ♫ Educação Musical ♫ ♫
Educação Musical é a educação que oportuniza ao indivíduo o acesso à música enquanto arte, linguagem e conhecimento. A educação musical, assim como a educação geral e plena do indivíduo, acontece assistematicamente na sociedade, por meio, principalmente, da industria cultural e do folclore e sistematicamente na escola ou em outras instituições de ensino.