Com a chegada da primavera, milhares de atletas de ocasião correm às academias para perder as gordurinhas adquiridas no inverno, tentando entrar em forma a tempo para o verão. Mas não importa qual seja a modalidade de exercício escolhida, um instrumento está quase sempre presente, tanto quanto os tênis e as roupas de ginástica: a música.
Mas afinal, o que é que a música e os exercícios têm que combinam tão bem? Vários estudos recentes tentam entender a relação entre nossos pés e ouvidos, e há 20 anos o psicólogo de esportes Costas Karageorghis estuda esta conexão.
Além de seus estudos em laboratório, Karageorghis ajudou a criar uma maratona em Londres que tenta encontrar a combinação perfeita de músicas para as corridas, com bandas tocando ao vivo. A segunda edição anual da maratona “Run to the Beat” (“Correndo no ritmo”, em tradução livre) contou com 9 mil maratonistas – ou cobaias -, correndo ao som da banda ou de seus próprios tocadores de mp3. Uma seleção de músicas cientificamente escolhidas está disponível aqui.
De acordo com o pesquisador, existem quatro fatores que contribuem às qualidades motivadoras de uma música: resposta ao ritmo, musicalidade, impacto cultural e associação.
Os dois primeiros fatores são considerados internos, já que são relacionados à estrutura da música, enquanto os outros dois são externos, que refletem como interpretamos a música. A resposta ao ritmo está ligada às batidas por minuto (bpm) da canção e como ela se encaixa na cadencia dos batimentos cardíacos do corredor. A musicalidade, por sua vez, está ligada à melodia e harmonia da música.
Os efeitos exteriores levam em conta as experiências e preferências musicais das pessoas e as associações que fazemos com certos artistas e músicas.
A escolha da música perfeita
Escolher a música certa para os exercícios pode ter muitos benefícios: segundo um estudo recente, sincronizar as batidas da música com o ritmo do exercício ajuda a aumentar sua eficiência. Na pesquisa, participantes que pedalavam no ritmo da música utilizaram 7% menos oxigênio que quando pedalam sem a música.
A música também pode ajudar a calar aquela voz na sua cabeça que diz que é hora para parar de se exercitar. Pesquisas mostram que este efeito resulta em uma redução de 10% no esforço percebido durante exercícios na esteira.
No estudo realizado por Karageorghis, 30 participantes sincronizaram o ritmo da corrida ao da música, que era de 125 bpm. Antes do experimento, foi feito um questionário para selecionar a música utilizada no testes, e os participantes puderam escolher entre música pop e rock. Quando comparados com outros que se exercitaram sem música, os atletas tiveram uma performance 15% mais eficaz.
“A aplicação sincronizada da música resultou em uma maior resistência, enquanto as qualidades motivacionais da música tiveram impacto significante sobre a interpretação da fadiga no momento da exaustão voluntária”, diz o pesquisador.
De acordo com o estudo, quando o coração dos atletas está atuando entre 30 e 70% da sua capacidade máxima, eles preferem um aumento linear de músicas entre 90 e 120 bpm. Já quando as pessoas atingem entre 70 e 80% do seu máximo, preferem um ritmo entre 120 e 150 bpm. Quando chegamos a um nível acima de 80%, atingimos um limite, e não preferimos músicas mais velozes.
Outro estudo recente, realizado na Universidade John Moores, em Liverpool, olhou para a questão do ritmo com um ângulo diferente. Um grupo de ciclistas voluntários pedalou ao som da mesma música durante três testes diferentes. O que eles não sabiam é que a música foi tocada primeiro na velocidade normal, depois em um ritmo 10% mais lento, e depois mais rápido. A pequena mudança não é suficiente para ser notada pelos participantes, mas afeta seus desempenhos.
A aceleração da música aumentou a distância percorrida em um mesmo tempo e a intensidade das pedaladas. A diminuição do ritmo, por sua vez, causou uma queda de 3,8% na distância percorrida pelos ciclistas, além de 9,8% na força das pedaladas.
Encontrar a música perfeita para o seu exercício pode ser mais fácil agora, com um plug-in chamado Tangerine. Quando integrado à biblioteca do iTunes, ele faz uma playlist baseada nas batidas por minuto que você desejar, arrumando a ordem das músicas para aumentar e diminuir as bpms, para o aquecimento e relaxamento.
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