♪ Regente ♪ Músico Multi-Instrumentista e Vocalista ♪ Arranjador ♪ Compositor ♪
♫ ♫ Tradutores ♫ ♫
♫ ♫ Pesquise ♫ ♫
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
Bela Bartók
Bartók foi um desses homens excepcionais não só como grande artista mas como também de hombridade moral poucas vezes igualado na história da arte em geral. Coube-lhe viver numa época tumultuada, entre duas guerras mundiais que devastaram o mundo ocidental, em que os mais ferozes atos foram cometidos, e isso influiu decisivamente em sua música. Seu maior sofrimento foi no decorrer do período de 1930, quando os nazistas dividiram a humanidade em raças e eles se autoproclamavam superiores.
Artista original de grande poder criativo, sentiu-se atingido quando o ministro da Educação Popular e Propaganda Nazista Goebbels, em 1936,organizou uma exposição de "Música degenerada" incluindo os nomes de Stravinsky, Schönberg e Milhaud. Não teve dúvidas. Escreveu imediatamente para o ministro para que inscrevesse nesse grupo seu nome e sua música, como forma de repulsa, ao que acabara de se passar.
Violentamente antiracista e animado pôr um sentido muito firme de justiça, chegou mesmo a pensar, num certo dia de 1938, converter-se a religião judaica como forma de desabafo e ficar ao lado dos perseguidos. Não ignorava os riscos que corria ao estender a mão aos espoliados, afirmando seu patriotismo com uma lealdade igual ao amor que sentia pela humanidade. É nessa ocasião que pede a sua mãe e tia que não falem em idioma estrangeiro mais que "quando seja absolutamente obrigatório"e de forma alguma utilizem o alemão.
Béla Bartók nasceu em 25 de março de 1881, em Nagyszentmiklos, Hungria ( hoje Sannicolaul Mare, cidade da Romênia). Seu pai era diretor de uma escola de agricultura e inspirou no menino a paixão pela natureza e pela música. Aprendeu as primeiras noções de piano com sua mãe, a partir dos cinco anos. Quando tinha oito anos perdeu o pai.
Com a morte do pai, em 1894, o pequeno Béla acompanhou sua mãe até a cidade de Pozsony, atual Batislava, onde estudou piano e composição com Ladislas Erkel. Pozsony era um centro cultural importante, onde ele fez estudos musicais regulares. Tornou-se amigo de Erno Dohnâyi, que o iniciou nos mestre alemães: Bach, Wagner e Brahms.
Em 1898, entrou para a Academia Real de Música de Budapeste, na classe de piano de Thoman, aluno de Liszt, e na classe de composição do professor Koezler.
Em 1905 foi a Paris para o Concurso Internacional Rubisntein de Composição e Piano. Ali descobriu Debussy e sua escrita modal e, pôr isso, voltando à Hungria, compreendeu o interesse das canções populares. Dedicou-se, desde então, com a parceria do amigo, o compositor húngaro Zoltan Kodaly, estudos científicos sobre as canções folclóricas. Para colecionar estas canções fez numerosas viagens pêlos campos, munido de aparelhos registradores, cilindros e muito papel de música. Com estas pesquisas conseguiu dissipar o engano de Liszt, que havia confundido o folclore musical húngaro com o dos ciganos da Hungria.
Um ano depois publicou com Kodaly uma primeira coletânea de cantos populares húngaros, num total de 20, pôr eles harmonizados. Bartók estenderia, então, o campo de suas pesquisas à música romena, búlgara e oriental; ao Egito a à Turquia, onde esteve em 1932 e 1936, depois de tomar contato com a música árabe em Biskra, em 1913. O resultado, para a arte do próprio Bartók, foi um estilo baseado em particularidades musicais, alheias à música da Europa Ocidental, mas altamente pessoal; e que incluiu, depois, cada vez mais elementos da grande tradição européia, sobretudo Bach.
Foi nomeado professor de piano da Academia de Budapeste em 1907. Quatro anos mais tarde, a Comissão de Belas Artes de Budapeste recusava-se a apresentar sua ópera O Castelo do Barba Azul para a obtenção do prêmio de Melhor Peça Lírica. Mas em 1918 esta ópera era levada à Ópera Nacional de Budapeste, onde obteve grande sucesso.
Foi necessário esperar-se o fim da Primeira Guerra para que começasse e editar e executar sua música no estrangeiro. Em 1924 publicou uma coleção de cantos populares romenos e húngaros. Em 1926 produziu diversas peças para piano e o balé O Mandarim Miraculoso. No ano seguinte partiu para sua primeira série de concertos na América e depois na Rússia.
Autenticamente democrata e horrorizado com o nazismo, recusa-se a permanecer em seu país quando o fascismo se instala no poder. Decide-se, em 1940, estabelecer-se nos Estados Unidos. Fez viagens de concerto, em companhia de sua mulher, também pianista, apresentando a sua famosa Sonata para dois pianos e percussão.
Foi nomeado Doutor em Música pela Universidade de Columbia. Em 1943, a Fundação Koussevitzky encomendou-lhe o Concerto para Orquestra. Nesta época escreve a Sonata para violino solo ( 1944) e o Concerto N.5 (1945).
Em 1939 Benny Goodman, famoso clarinetista de jazz, encomendou-lhe uma composição para clarinete. Quando viu a pauta Benny ficou aterrorizado: "Vou precisar de três mãos para tocar isso, senhor Bartók. É a coisa mais difícil que jamais vi." Bartok riu-se: "Não se preocupe com isso. Toque aproximadamente o que escrevi." Mas o telentoso Benny Goodman fêz mais que isso; Contrastes foi gravado pela Columbia, com Joseph Szigeti no violino, Bartók ao piano e Benny Googman no clarinete.
O reconhecimento do valor e da significação de sua obra não o alcança sequer nessa última arrancada final em que,precário de saúde e bens materiais, não deixou de trabalhar no hospital. Bartók compôs até o final de sua vida. Morreu em Nova York, em 26 de setembro de1945, em uma miséria tão grande que não deixou sequer dinheiro suficiente para o pagamento de seu enterro.
Levaria ainda algum tempo para que o mundo pudesse ver em Bartók, na qualidade de uma invenção e inovação musical, poderosamente mergulhada nas raízes de sua terra, na indiferença a todos os modismos, nas novas sonoridades de sua orquestração, assim como no rigor intelectual, um dos maiores gênios musicais da primeira metade do século.
Em 1905 começa a sua pesquisa sobre o folclore húngaro. Anteriores a esse período, não obstante de mérito e importância indiscutíveis, são os Quartetos para Cordas N.1 (1908) e N.2 (1915-1917), bem como inúmeras peças para piano, entre as quais o célebre Allegro Barbaro (1911).
A ópera em um ato A Kekzakállu Herceg Vára (O Castelo do duque Barba Azul - 1911), cuja rejeição pôr parte das organizações musicais da Hungria, levou o compositor a fundar, juntamente com Kodaly e outros compositores jovens, a Sociedade Musical Húngara, infelizmente de pouca duração.
Seguem-se o balé A Csodálatos Mandarin (O Mandarim Miraculoso -1919) e as duas sonatas para violino e piano, produção em que a tonalidade se apresenta progressivamente mais livre e se afirma uma forte tendência expressionista, que se abrandaria na Tanz Suite (Suite de Danças - 1923), compostas especialmente para as festas de celebração do 50o aniversário das cidades de Buda e Pest.O trabalho propiciou a admiração de seus compatriotas, se bem que efêmera. A pouca receptividade dos conterrâneos e do público em geral para com as produções mais acentuadamente modernas do mestre húngaro se reduz ao final da Primeira Guerra Mundial, quando as sua obras são publicadas e ele se dedica, ainda mais ativamente à obstinada pesquisa folclórica, não apenas na Hungria, como na Bulgária, Eslováquia e Romênia.
Alguns anos depois se inicia a fase de maior fecundidade em toda a sua carreira. Surge o Concerto N. 1 para piano (1926), estranho, profundamente individual; o Quarteto para cordas N.3 (1927), de inusitado expressionismo em um único movimento; o Quarteto para Cordas N.4 ( 1928); a Cantata Profana (1930), de caráter social, tendo pôr tema a indignação de um cidadão comum, e o Concerto N.2 para piano (1930 - 1931). Bartók se encontra, então, em plena posse de suas características e recursos mais notáveis.
Também em 1926 começa a revelar-se outro aspecto decisivo da personalidade de Bartók: sua vocação pedagógica. O Mikrokosmos, coleção de exercícios pianísticos de dificuldades crescentes, principiada em 1926 e terminada em 1937, mereceu de vários autores contemporâneos a denominação de "Cravo bem Temperado do Século XX".
Neste trabalho, longe de figurar entre os mais expressivos num período tão fértil da criação bartokiana, demonstra melhor uma de suas extraordinárias contribuições: a de ter filtrado, sintetizado o que de melhor existia, em seu tempo, de técnica e estilo musical.
É de 1934 o Quarteto para cordas N.5, uma de suas obras primas, de fascinante modernidade.
Compõe, nos anos seguintes, tanto a Música para Cordas, Percussão e Celesta (1936), como os Contrastes para clarineta , piano e violino (1939), e a Sonata para Dois Pianos e Percussão (1937), onde persegue, com grande pionerismo,uma pureza concreta do som e do instrumento.
Da mesma fase é o Concerto para Violino (1937 - 1938), em que a pujança e a delicadeza se contrastam, se completam, a cada instante, com grande originalidade. Ligeiramente posterior são o Divertimento para Cordas N.6 (1939) e o Quarteto para Cordas N.6 (1939), precedendo a última etapa da produção de Bartók, vivida na América do Norte.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário