"Um pouco sobre minhas próprias composições para orquestra sinfônica"
Sempre fui um admirador de sinfonias programáticas. Tanto que, ao pensar em escrever uma obra, tento primeiro imaginar alguma história na qual possa-me, pelo menos, servir como guia. Minha principal influência nesse aspecto sempre foi: Hector Berlioz. É, deveras, magnífico poder aproximar-se da música escutando com a imaginação de quem conta uma história para outras pessoas e/ou para si próprio. Até minha terceira sinfonia escrevi histórias de libretos completos. Com início, meio e fim. Para minha quarta obra nesse gênero, decidi fazer algo mais próximo do concretismo, definindo o tema principal(O Oceano) e esboçando meus pensamentos sobre os personagens que habitam esse cenário e que mais atraiam minha atenção, desde a infância.
1º Movimento - Em Mar Aberto
A ideia e tentar ver o mar assim como os navegadores do século XV o viam. Com toda sua beleza e supremacia que tanto atraiam aqueles que aventuravam-se em suas águas. Assim como, todo o perigo e incerteza que essas mesmas águas sempre deixaram nas mentes de seus desbravadores. A abertura musical acontece, de imediato, com a apresentação do tema principal, que será revisitado ao final da peça. Possui início forte para fixação do mesmo e desenvolvimentos de diálogos com instrumentos da família das madeiras, antes do desfecho glorioso.
2º Movimento - Cavalos Marinhos
Esses seres sempre foram as criaturas mais enigmáticas dos mares para mim, durante toda minha infância. Quando criança, sempre acreditei que houvesse alguma forma humano-aquática habitando algum castelo marinho, isso principalmente, devido a existências dos cavalos marinhos. Pois, em minha imaginação, seriam neles que estes humanos cavalgariam elegantemente sob as àguas, mantendo a ordem nos oceanos. A ideia musical parte de uma história bastante simples e infantil. Uma corrida de cavalos-marinhos onde a partida acontece do fundo do mar à superfície, como forma de testar resistência dos competidores e imediatamente em seguida, a volta da superfície ao ponto de partida em alta velocidade, o que testaria o equilíbrio e reflexo, não só do cavalos-marinhos, mas os de seus "jóqueis". A música é marcada por um fraseado agalopado de trompete que será seguido por outros instrumentos a medida que a música se desenvolve. Um novo tema mais tenso é apresentado para fixar a disputa por posições entre os competidores até a chegada a superfície. Então a música cai para um andamento largo para enfatizar a beleza que é ver o fundo mar à distância. Na volta, o mesmo fraseado inicial é apresentado, mas desse vez em presto, já que os cavalos nadam em alta velocidade a favor da gravidade. O final é grandioso, como não poderia deixar de ser qualquer conquista.
3º Movimento - O Território do Tubarão
A ideia é simplesmente mostrar como um tubarão branco é imponente ao passar calmamente sobre recifes e corais. Ao mesmo tempo que é admirado, com medo e respeito, por peixes menores que se escondem por entre rochas e restos de embarcações naufragadas. Durante sua passagem ele é acompanhado por peixes pilotos que surgem um a um e parecem anunciar sua passagem. Esses peixes tem hábito de acompanhar nosso personagem principal, mas quase sempre o perdem de vista quando o mesmo sai em disparada ao encontro de sua presa. A música é introduzida com as cordas em pizzicato e o fagote da alma à figura do temido tubarão. A frase cresce em volume a medida que outros instrumentos unem-se ao fagote representando os peixes pilotos. Ao final o andamento é acelerado para marcar o bote do tubarão em sua presa.
4º Movimento - A Mitologia Aquática
Esse é o movimento dedicado a imaginação humana em relação aos mares, que habitavam as crenças gregas e que chegam até nossos dias, como histórias e lendas maravilhosas de se ler ou ouvir. Seria mais ou menos como se chegar ao lar de Poseidon e poder ouvir o canto das sereias acompanhadas de suas pequenas harpas preparando todos que se encontram em seu reino para a festa em detrimento da chegada do rei máximo das àguas. A música desenvolve-se com a volta da frase musical do primeiro movimento tocada em sobre-posição instrumental. Piano, harpa, coro, cordas, percussão... Até a entrada dos metais em ritmo cadenciado e o desenvolvimento desse motivo musical que termina com uma revisão da frase inicial tocada em "tutti" e de maneira gloriosa para marcar a entrada de Poseidon e finalizar com uma pequena alteração do andamento para presto. Gerando um clima solene e festivo.
♪ Regente ♪ Músico Multi-Instrumentista e Vocalista ♪ Arranjador ♪ Compositor ♪
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sexta-feira, 16 de julho de 2010
Sinfonia nº4 - O Oceano - Composição: Roberto Holanda
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