♪ Regente ♪ Músico Multi-Instrumentista e Vocalista ♪ Arranjador ♪ Compositor ♪
♫ ♫ Tradutores ♫ ♫
♫ ♫ Pesquise ♫ ♫
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
Orgãos
Órgão é um instrumento musical classificado pela organologia como aerofone de teclas pela passagem de ar comprimido em tubos de diferentes tamanhos. É, portanto, um instrumento de sopro com a diferença de o ar não ser injectado pelo sopro humano, mas sob a forma de ar comprimido que, acumulado pelo fole, é reencaminhado para o respectivo tubo do regist(r)o e da nota que se quer fazer soar.
O órgão foi o primeiro instrumento de teclas. Mas, fruto do seu constante aperfeiçoamento técnico ao longo dos séculos, pertence à classe dos produtos mais complexos e perfeitos conseguidos pelo Homem. Não há dúvida de que se trata do mais complexo e também do mais completo de todos os instrumentos musicais. As suas dimensões são muito variáveis, indo desde um pequeno órgão de móvel até órgãos do tamanho de casas de várias assoalhadas.
O órgão, como instrumento de forte índole sacra, ocupa um lugar de destaque na liturgia cristã, quer na Igreja Católica, que nas Igrejas Reformadas. A Igreja Católica reafirmou no Concílio Vaticano II a excelência do órgão na tradição musical e nos actos de culto divino, assim se expressando: «Tenha-se em grande apreço na Igreja latina o órgão de tubos, instrumento musical tradicional e cujo som é capaz de dar às cerimónias do culto um esplendor extraordinário e elevar poderosamente o espírito para Deus.» (Constituição Apostólica Sacrosanctum Concilium artigo nº 120).
Etimologicamente, o termo órgão significa "o instrumento" por excelência, como conjunto/ composto/ organização dos sons, pelo que ao longo da história da música mereceu o epíteto de 'rei dos instrumentos', como também Mozart lhe chamava. Embora se tenha difundido a designação "órgão de tubos" para o distinguir dos seus imitadores eléctricos, esta designação é incorrecta pois constitui-se como redundância. (Seria o mesmo que dizer "piano de cordas"...) O tratamento dado pela organologia aos instrumentos respeita as suas características originárias e toda e qualquer imitação electrónica de um instrumento musical não pode ser elevada ao estatuto de instrumento musical.
O antepassado do órgão é o hydraulos, ou órgão hidráulico, inventado no século III a.C. pelo engenheiro grego Ctesíbio de Alexandria, responsável pelo cruzamento da flauta típica grega, o aulos, com o sistema hidráulico de injecção de ar compressorizado nos tubos.
O tipo de mecânica consistia em abrir a passagem do ar para os tubos através de uma válvula parecida com uma tecla. Para que tal acontecesse o ar era mantido em pressão por processos hidráulicos (pressão de água). O órgão possuía apenas uma fila com 7 tubos de diferentes comprimentos, correspondendo cada um necessariamente a uma nota.
Este instrumento esteve muito em voga no Império Romano. Tendo um som forte, era apto a usar-se ao ar-livre: em jogos, no circo, nos anfiteatros. Nesta altura o hydraulos era já denominado como organum hydraulicum em latim ou organon hydraulikon em grego.
A fila de tubos duplicou e triplicou, até que foi incorporado um mecanismo de selecção dessas filas de tubos. O conjunto de tubos de uma fila tinha o seu formato próprio, emitindo o som na mesma altura mas num timbre diferente. Existiriam tantos timbres consoante o número de filas existentes.
O sistema hidráulico usou-se até ao século V, tendo surgido no século IV o sistema pneumático de foles. Trata-se do órgão pneumático. Como já não havia a componente hidráulica, o instrumento passou simplesmente a ser denominado Organus.
[editar] Partes constituintes
O órgão é constituído por quatro partes:
a pneumática: conjunto formado pelos dispositivos de captação, retenção e envio do ar comprimido à tubaria, bem como a regulação da sua pressão: ventilador, fole e contra-fole.
a mecânica: conjunto dos mecanismos que têm por fim a acção de determinado tubo ou conjuntos deles.
a tubaria (também dita canaria): somatório de todos os tubos do órgão, encarregues da emissão sonora.
a caixa: estrutura, normalmente em madeira, que encerra todo o material anterior.
[editar] Elementos
Os tubosO tubo é o elemento responsável pela emissão sonora à passagem do ar através do seu corpo, funcionando como todo o instrumento de sopro. Quando o executante prime uma tecla [estando aberto um dos registos], o ar comprimido é libertado e reconduzido para atravessar o tubo determinado, emitindo a nota correspondente. Consoante os registos que integram, os tubos podem ser de diversos materiais (estanho, chumbo, madeira), formas (cilíndrica, cónica, paralelipipédica), diâmetros e alturas.
O regist(r)o (ou jogo) é um conjunto de tubos com o mesmo timbre, dispostos de modo a poderem ser accionados por um tirante de registo (chamado também registo) existente na consola. Manobrando esses tirantes, o organista habilitará ou excluirá o conjunto de tubos em causa. Há registos que correspondem a mais do que uma fila de tubos.
Numa acessão simplista, os "registos" não são mais do que chaves que habilitam ou desabilitam a passagem do ar para determinado conjunto de tubos. Estas chaves podem ser de vários tipos, sendo mais comum o puxador (como na figura), mas também os há em forma de plaqueta, alavanca ou simplesmente botão. Existem vários tipos de registos, classificáveis de acordo com uma identificação das suas propriedades acústicas, pois cada qual apresenta características específicas de altura, intensidade e timbre.
Consola com puxadores - típico dos órgãos de construção francesaA consola é a "mesa de comando" do órgão na qual se materializam todos os dispositivos manipuláveis pelo executante (o organista), o que compreende os teclados para as mãos (manuais) e para os pés (pedaleira) e os vários registos. A consola pode encontrar-se inclusa no corpo do próprio instrumento ou então separada deste.
Num órgão de vários teclados, cada qual encontra-se afecto a uma secção particular do instrumento com características específicas de intensidade, timbre, projecção e com uma designação particular: Grande-Órgão ou Principal, Positivo, Recitativo, Expressivo, Ecos, Bombarda.
[editar] Tipos de órgãos
Os órgãos podem ser classificados em vários tipos, consoante as características que os identificam:
O portativo (ou portátil): órgão pequeno fácil de transportar, de uso muito corrente no séc. XIV, nomeadamente nas procissões, nas quais era transportado pelo próprio músico que tocava (com a mão direita) e accionava o fole (com a mão esquerda) em simultâneo.
O realejo: também portátil, e de uso corrente nos sécs. XVI e XVII, era munido de palhetas livres e não de tubos, pelo que pode ser considerado o antepassado do harmónio.
PositivoO positivo: etimologicamente de 'pousar', órgão com poucos registos e normalmente sem pedaleira que, como uma peça de mobiliário, tinha a facilidade de ser deslocável no espaço litúrgico das igrejas onde servia para acompanhamento do cantochão.
Órgão de tubos da EspanhaO ibérico: órgão de características regionais relativas ao ideário estético da escola de organaria ibérica, cultivado em Portugal e Espanha desde o séc. XVI. Possuem apenas um só manual (raramente dois) que se encontra dividido em duas seções (aguros e baixos). O número de teclas é inferior ao dos órgãos modernos, cifrando-se muitas vezes em 45, 47, 54 notas. Têm por 'imagem de marca' as chamadas trombetas "em chamada" (dispostas na horizontal).
O romântico: órgão cujos recursos sonoros permitem abordar a literatura do período romântico (séc. XIX). Dotado de pelo menos uma secção expressiva (de tubos que se encontram encerrados em caixa de Expressão cuja abertura é controlada a partir do pedal correspondente), possui vários registos oscilantes.
O sinfónico: órgão que teve o seu auge no primeiro terço do século XX. Este tipo põe em evidência a índole orquestral de que se munem os grandes-órgãos. Camille Saint-Saëns compôs uma popular sinfonia para órgão que é um bom exemplo de como o som de um grande órgão pode ser combinado com o de uma orquestra sinfónica.
Órgão de TeatroO órgão de teatro/cinema originalmente desenhado para substituir as orquestras ou conjuntos musicais que acompanhavam os primeiros filmes mudos, difundido em países como Reino Unido, Estados Unidos da América e Austrália.
[editar] Alguns exemplares
O maior órgão ibérico de Portugal encontra-se na Igreja de São Vicente de Fora, em Lisboa. Construído em 1765 pelo organeiro João Fontanes de Maqueixa e restaurado em 1994 por Claude e Christine Rainolter de França, trata-se de um dos melhores exemplares da organaria portuguesa do século XVIII, com 2 manuais e 60 meios-registos num total de 3.115 tubos.
O maior órgão de Portugal encontra-se na Igreja da Lapa na cidade do Porto. Trata-se de um Grande-Órgão Romântico construído pelo organeiro Georg Jann na Alemanha e acabado de montar no ano de 1995. Possui um total de 42 sinos e 4.307 tubos accionados por 63 registos, 1 pedaleira e 4 manuais, o quarto dos quais com 4 registos em chamada no topo da caixa. Desde então tem servido ininterruptamente a liturgia daquela igreja de uma forma exemplar. Desempenha ainda uma forte actividade concertística, fazendo da cidade do Porto um forte polo musical. Teve como seu primeiro organista titular o Prof. Paulo Alvim e agora o organista Filipe Veríssimo.
O maior órgão da America Latina, é o órgão da Basílica de Nossa Senhora Auxiliadora, em Niterói, inaugurado no dia 16 de Abril de 1956 pelo Maestro Fernando Germani, organista do Vaticano. Possui 11.130 tubos, desde o menor com 8 milímetros, ao maior com 12 metros de altura. Citemos uma informação do jornal O Fluminense: "O conjunto é comandado e controlado na consola (mesa de teclados), na qual estão além dos cinco teclados e da pedaleira, 211 placas móveis que acionam os registros, os 51 "accoppiamenti" de oitava, os anuladores, os sinos, a harpa e os trêmulos. O organista tem ainda à disposição, 90 pistõezinhos, 20 pedaletes e 4 pedais que servem para tornar fácil a manobra de todos os comandos. Todo o trabalho do organista é facilitado pelas indicações luminosas e pelos mostradores que ajudam a tocar esse instrumento, tornando-o mais maleável que os pequenos órgãos antigos". ( "O Fluminense" - 27 e 28 de agosto de 1989).
O maior órgão do mundo encontra-se na Convention Hall da Organ Society em Atlantic City (Estados Unidos). Este possui 7 manuais e 2 pedaleiras. Tem duas consolas. Foi construído entre Maio e Dezembro de 1929 pela Companhia Merrick, na época situada em Long Island, Nova Iorque. Desconhece-se o número exacto de tubos que o compõe, mas pensa-se que está por volta dos 33.114.
Outro exemplar de grandes dimensões é o órgão da Catedral de Santo Estêvão em Passau, na Alemanha. Possui 17.774 tubos e 233 registos.
O órgão da Paróquia Martin Luther é o opus 2.733 da célebre firma alemã de organaria Riger, construído em 1936. Possui 2 manuais, pedaleira e 18 registos perfazendo um total de 1.140 tubos de estanho, zinco, cobre e madeira. Funciona com tracção eletropneumática. Foi comprado em 1938 e instalado no Colégio Champagnat (PUC), Porto Alegre/RS. Posteriormente, em 1972, foi transferido para o Salão de Atos da PUC. Depois de um curto período em atividade naquele local, foi desmontado e encaixotado pelo Irmão Renato Koch, FSC. Em 1984 foi então adquirido, remontado e restaurado na Paróquia Martin Luther. Este instrumento tem à data servido a liturgia dos cultos, especialmente as cerimónias de Bênção Matrimonial. Periodicamente realiza concertos dos quais têm participado os mais renomados organistas internacionais.
[editar] Variantes
Existem muitas variantes elétricas, electro-mecânicas e electrónicas do órgão.
Órgão HammondO órgão Hammond desenvolvido nos anos 30 pretendia inicialmente imitar o som do órgão de tubos, mas quando conseguiu desenvolver um timbre próprio, tornou-se objecto de culto durante muitos anos. O modelo B3 é um importante instrumento no jazz, sendo mesmo o instrumento central no soul jazz.
Entre 1940 e 1970 foram desenvolvidos vários modelos de órgãos electrónicos destinados ao entretenimento caseiro. Tornando possível a uma só pessoa produzir caseiramente o som de um grupo de vários instrumentos, estes órgãos começaram a incluir padrões automáticos como ostinatos rítmicos, acompanhamentos diversos baseados nos acordes e leitores de fitas magnéticas.
Vocacionados à imitação dos timbres de outros instrumentos como o trompete e a marimba, esses órgãos afastaram-se para sempre do seu designio inicial de imitador do órgão de tubos para se tornarem sintetizadores de quaisquer outros intrumentos, sons ou ritmos, através de imitação do padrão das ondas sonoras destes.
Nos anos 60 e 70 um tipo de órgão electrónico portátil chamado “combo” tornou-se muito popular especialmente entre as bandas rock e pop dessa altura como os The Doors e os Iron Butterfly. Os mais populares eram fabricados pela Farfisa e pela Vox.
Pelo que as inovações tecnológicas que o órgãos sofreu a partir do momento que incorporou componentes electrónicas, desviaram o órgão da sua linha clássica, pois este deixou de ser um instrumento acústico e criaram uma diferenciação entre o chamado órgão electrónico e o órgão propriamente dito: o órgão de tubos.
Ainda assim, hoje em dia continuam a produzir-se para igrejas órgãos electrónicos imitadores do órgão de tubos. Estes órgãos por vezes chamados "electrónicos litúrgicos" pretendem ser réplicas electrónicas do seu antecessor acústico e mecânico que é órgão de tubos, mas têm falhado esse desígnio nas várias componentes: mecânica, acústica e estética.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário