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segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
Louis Armstrong
Trompetista, cornetista e cantor de jazz natural dos Estados Unidos da América, Louis Armstrong é natural de Storyville, distrito de New Orleans conhecido por sua diversidade de ambientes. De prostíbulos a igrejas, passando por estabelecimentos diversos, Louis Armstrong conviveu nesse ambiente com a enorme pobreza em que nasceu e passou sua infância.
Tão logo Louis nasceu, seu pai abandonou sua família. Conciliando a liberdade das ruas e o trabalho para o sustento da família, o pequeno Louis desenvolvia-se e tornava-se uma criança extremamente esperta e adaptada à vida árdua. Tão logo conseguiu comprar uma corneta. Sozinho começou a aprender a tocá-la. Além do sopro, cantava com um grupo pelas ruas e avenidas por alguns trocados.
Os motivos que o levaram a um reformatório enquanto jovem são nebulosos. Algumas biografias citam que o motivo foi uma confusão na rua[1]. Já outras que o motivo foi Louis atirar algumas vezes para cima com um revólver em uma comemoração, um policial vê a cena e o encaminha a um reformatório, onde passaria um ano e meio de sua jovem vida[2]. Porém, contrariando todas as prerrogativas, foi justamente essa temporada no reformatório que o fez ter um contato intensivo com a música, estudando com mais afinco bugle e corneta na banda do reformatório, banda que depois viria a liderar. No mesmo local começou a aprender harmonia.
Já livre, fez diversos pequenos trabalhos para se sustentar, aproveitando cada oportunidade para conseguir emprestado uma corneta e tocar onde fosse possível dentre as inúmeras bandas que fervilhavam por Nova Orleans - uma música que, no entanto, ainda não caracterizava o jazz.
Armstrong se casou, ao todo, quatro vezes. A primeira delas aos 17 anos com uma prostituta de Louisiana. Mas a sua quarta esposa, Lucille, foi a mulher de sua vida.
A musicalidade inata e evidente de Armstrong, aliada à disciplina técnica que adquirira na banda do reformatório, capacitaram-no a tocar num estilo próprio, intrínseco e virtuosístico que se mostrava opção latente ao estilo reinante em New Orleans naquela época. Por volta de 1917, Joe “King” Oliver, ao perceber o enorme talento do jovem, acolheu Armstrong sob sua proteção, recomendou Armstrong para substituí-lo na banda de Kid Ory quando foi a Chicago em 1918. Louis tocou com a banda de Fate Marable entre 1919 e 1921, porém voltou em 1922 para Chicago a fim de se juntar novamente a Oliver. Em 1924, casa-se com Lillian Hardin, pianista do conjunto de Oliver (segunda de suas quatro esposas). Por incentivo de sua recém-esposa, Louis acaba por deixar Oliver e entra para a orquestra de Fletcher Henderson em Nova Iorque, onde ficou por pouco mais de um ano.
A estréia de Armstrong como um líder se deu em 12 de novembro de 1925 com a criação do grupo Hot Five. Nos anos que se seguiram, Armstrong gravaria muito: junto aos Hot Five de 1925-1926, Hot Seven de 1927 e os Hot Five novamente de 1928 - os mais aclamados (esses com seis integrantes), com Earl Hines ao piano. Essa série de gravações é um marco histórico, ocupando um lugar central na história do jazz. Nelas, a genialidade de Armstrong se revela em sua plenitude. Durante esse período, Armstrong trabalha também com inúmeras orquestras. É nessa época que Louis definitivamente troca a corneta pelo trompete.
A partir de 1929, Armstrong deixa de lado os conjuntos pequenos para passar dezenove anos trabalhando apenas à frente de grandes orquestras, sempre como estrela e solista absoluto. Em 1932 e 1933 estréia em turnês pela Europa. Em 1938, Louis e Lilian (2ª esposa) se divorciam e ele se casa com Alpha Smith (3ª esposa). Em 1942, casa-se com Lucille Wilson, a qual viria a ser a mulher da sua vida até a morte. Nos anos 40, influenciado com o declínio do swing no pós-guerra, a música de Armstrong começa a ser considerada pelo público como um tanto fora de moda e antiquada.
Em 1948, genialmente forma o Louis Armstrong and His All Stars, um sexteto apenas com grandes músicos, naqueles moldes do seu segundo Hot Five, agora com a participação do ex-clarinetista de Duke Ellington, Barney Bigard, o notável trombonista Jack Teagarden, o baixista Arvel Shaw, o grande baterista Sid Catlett, e o mestre Earl Hines ao piano. Esse conjunto se revela o contexto-base ideal para o desenvolvimento da essência da arte de Armstrong. Com o sexteto, Armstrong viaja em turnê por todo o mundo. Entretanto, ao passar o tempo, sucessivas mudanças ocorreram nos músicos dos All Stars, o padrão musical caiu sensivelmente, e a música se tornou mais previsível. Nas décadas de 50 e 60, Armstrong sobressai-se e torna-se uma celebridade sem paralelo no mundo da música popular, graças não só às suas muitas turnês e gravações, mas também às suas participações em filmes.
É difícil caracterizar um só motivo para toda a fama de Armstrong, de proporções praticamente mitológicas, plenamente merecidas. Ele praticamente caracterizou uma nova forma de fazer jazz, tornando-se seu primeiro grande virtuose. Como instrumentista, Armstrong expandiu os limites de seu instrumento ao ampliar a extensão do trompete até notas consideradas inacessíveis aos executantes anteriores, de tão agudas. Seu som é límpido, quente e penetrante, aliado a um vibrato absolutamente regular nos finais de frases, como poucos na história do jazz. Seu fraseado é admiravelmente focalizado e, acima de tudo, inventivo: Armstrong inicia e termina suas frases em pontos que nunca são previsíveis. Ao improvisar, parece não possuir limites. A maioria dos trompetistas que vieram depois de Armstrong o tem como ídolo e ícone de seu instrumento.
Com o passar dos anos, Louis começou a cantar cada vez mais. Foi especialmente com essa imagem que Louis ficou gravado no inconsciente coletivo. Com diversos hits gravados, incluindo "Stardust", "What a Wonderful World", "When The Saints Go Marching In", "Dream a Little Dream of Me", "Ain't Misbehavin'", "Stompin' at the Savoy", "We Have All the Time in the World" (da trilha de James Bond), é inegável também seu sucesso como cantor. Porém, dentre todas as composições, "What a Wonderful World" é talvez a que mais emocione, tanto pela belíssima letra, quanto pela interpretação única e magnífica de Louis. Seu timbre rouco e grave com certeza seria considerado impróprio para qualquer outro gênero musical. A entonação e o modo como Armstrong construía suas frases musicais aliando um timing perfeito, sensibilidade para cada nota e seu poder de organização dentro da divisão quebrada característica do jazz são fatos marcantes
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